22/08/2023

いらしゃいませ Colônia japonesa de Pinhão comemora 38 anos

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 Por Elis Oliveira (*) 

いらしゃいませ Irashaimassê! Essa palavra significa: Seja bem vindo! E te convido para conhecer um pouco da história da colônia japonesa da cidade de Pinhão. Eu sou brasileira, nascida no Pinhão, mas que há sete anos aproximandamente, conheci e aprendi a respeitar e admirar os costumes japoneses.

Primeiramente, lembremos que a maior colônia de japoneses no Brasil está concentrada em São Paulo, com mais ou menos 700 mil descendentes, logo vem o Paraná, com aproximadamente 150 mil. Os primeiros japoneses chegaram ao Paraná por volta de 1930, devido à falta de estímulo do governo de São Paulo para que eles cultivassem a plantação de café.

Dois homens deram início a migração na cidade de Pinhão, o ano era 1974, Massaro Hassegawa (in memorian) e Kesao Yamazaki vieram sozinhos na época, ficaram num pequeno hotel, o objetivo era cultivar batata e arroz. Foram tempos difícies , começar do marco zero uma lavoura num lugar desconhecido. No ano seguinte, seu Kesao ganhou uma companheira, sua esposa Mitiko.

 

Dai em diante, foram chegando mais famílias, os Takemoto, os Ike, os Nishimura, os Ando, Suzuki, os Maeda, os Shiguerara, os Inoue, até o final da década 1970, muitos japoneses já estavam construíndo suas vidas no Pinhão. Por volta de 1983, os japoneses começaram a plantar também cereais (soja e milho). As primeiras famílias vieram com o intuito de trabalhar na agricultura.

Os japoneses trouxeram consigo a cultura. A influência desses descendentes é bem visível na sociedade por meio das suas festas e comemorações, também pela introdução de novos gêneros alimentícios, como por exemplo o shoyu, o sukiaki (cozido de carne com verduras e udon- macarrão japones), o sushi, sashimi ( peixes e outros frutos do mar crus com molho de soja e wasabi) entre outras, só lembrando que o yakissoba é chinês.

Segundo Mitiko, o moti é um dos elementos da cultura japonesa que a colônia mais cultiva. Também conhecido como bolinho de arroz, o moti tsuki (bater moti) é feito num ussu (pilão japonês), com a ajuda de um tsuchi (lê-se tsuti), que é uma espécie de grande marreta de madeira, está é uma tarefa para duas pessoas, o interessante no processo começa quando uma pessoa bate, enquanto outra esborrifa um pouco de água nos intervalos entre as batidas (quando o companheiro levanta o tsuchi), isso é feito para o arroz não grudar no bastão ou no pilão.
É repetido várias vezes até o arroz ficar no ponto certo do moti, virando uma massa lisa e firme. Esse bolinho é um símbolo de comemoração, seja no ano novo ou na festa do nascimento de uma criança. Ainda falando em arroz, tem o Gohan que é o que há de mais essencial na culinária japonesa, eles costumam dizer que "sem arroz não dá para viver". O arroz japonês é diferente do arroz brasileiro devido a sua consistência.

 

Os costumes japoneses são bem interessantes, por se diferenciar um pouco dos nossos costumes. Algo que conheci na colônia em Pinhão é a comemoração do anivérsário de 41 anos dos homens. Tudo porque, na cultura japonesa, eles acreditam que existem duas fases nas quais homens (e mulheres) devem ter especial cuidado com a saúde e a vida pessoal, são os “anos críticos”, chamados de yakudoshi, por isso principalmente eles , quando completam essa idade, fazem uma festa especial em comemoração, no ano seguinte, se tudo correr bem, haverá outra festividade ainda maior.

Outra peculariedade da cultura japonesa é a religião budista. Em Pinhão, Yukie Hassegawa conta que a maioria das famílias são budistas, tem seu próprio santuário em casa, porém, por não ter templos aqui na região, muitos japoneses são adeptos a outras religiões, principalmente a católica, mas não deixando de lado a sua crença.

E como não falar do Karaoke, os japoneses gostam de soltar a voz. Nas festas e nos encontros entre amigos, os mais desinibidos cantam suas músicas sem acompanhamento musical muitas vezes, algumas delas no idioma japones.

Muitos costumes da cultura do Japão são vivenciados por seus descendentes nas diversas colônias espalhadas pelo mundo, alguns hábitos não são costumeiros para nós brasileiros, mas que para esse povo do sol nascente e do olhinho puxado são a base para suas vidas. Algo que admiro na colônia é a união entre eles, muitos, não são nem parentes, mas sempre estão ajudando-se mutualmente, seja na doença ou nas alegrias. Um detalhe que não vemos habitualmente na cultura brasileira no geral, é essa cumplicidade que um tem com o outro, e não pense que é só com os seus semelhantes, mas faz parte da filosofia de vida dos japoneses serem gentis e solidarios.

 

Outra coisa legal, é que nas festividades ao longo do ano, para suprir a falta dos parentes de longe, comemoram juntos, como é o caso do Dia das Mães e dos Pais. Nessas datas há uma inversão de papéis, para festejar o dia das mães, os filhos vão para a cozinha, além de prepararem atividades e prendas para as mamães.

(*) Elis Oliveira é acadêmica de jornalismo na Unicentro. texto publicado originalmente no Gorpa Cult, parceiro da RSN.

Cristina Esteche

Jornalista

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