22/08/2023
Esportes

Com apoio do Estado, jovens atletas paranaenses sonham mais alto

Ganhar campeonatos e disputar as Olimpíadas de 2016 é o sonho de muitos atletas paranaenses. Em 2011 Gabriel Sidney, 16 anos, recebeu um incentivo a mais para disputar torneios nacionais e internacionais e se destacar no tênis. Gabriel treina desde os seis anos de idade e foi enquadrado no programa do Governo do Estado “Talento Olímpico do Paraná – TOP 2016. 

Pelo programa, ele recebe R$5.000 por ano de bolsa. Hoje, 1.500 atletas e técnicos paranaenses são apoiados pelo TOP 2016. O investimento do governo estadual é de R$ 10 milhões. 

Gabriel, que pensa em se profissionalizar no esporte, diz que a meta agora é treinar com intensidade para as próximas Olimpíadas. “Qualquer incentivo nesta fase é muito importante porque custa muito caro viajar para torneio”, contou. 

Aos 12 anos, ele ficou em 3° lugar no Sulamericano por equipe da Colômbia. Aos 14, Gabriel foi campeão na mesma modalidade e agora, aos 16 anos, ele conquistou a final da Copa Gerdau; foi campeão no Banana Bowl – um dos maiores torneios de tênis da série juvenil da ITF (International Tennis Federation) e ficou entre os três finalistas do Prêmio Orgulho Paranaense, maior honraria do esporte no Paraná. 

“Às vezes, durante o treino, penso em todos que estão apostando em mim e na bolsa que recebo do TOP. Isso me motiva para as Olimpíadas”, completou Gabriel. 

CICLISMO

A atleta Renata da Silva Lopes, 17, recebe por ano uma bolsa de R$5.000 através do TOP 2016. Ela jogava futsal e foi convidada por uma amiga a conhecer o ciclismo, esporte pelo qual se apaixonou e, em três anos de treinos diários na BR-369, já foi campeã paranaense e brasileira, conquistando duas medalhas bronze do campeonato Sulamericano. 

“A bolsa do TOP me ajudou a comprar equipamentos e suplementos. Eu tinha uma bicicleta bem simples e hoje consegui uma boa”, conta. Ela diz que sem a bolsa seria difícil treinar como faz hoje. 

“Duas meninas que treinam comigo faltavam bastante, mas quando começaram a receber a bolsa, passaram a vir todos os dias. Isso mostra que o governo está se preocupando mais com o esporte e quer resultados nas Olimpíadas, o que nos anima também”. A atleta já foi convidada para treinar em São Paulo, mas preferiu ficar no Paraná. 

FICAR NO PARANÁ

O governador Beto Richa ressalta que o TOP 2016 foi criado com o objetivo de manter os atletas no Paraná. “Muitos iam para fora treinar e saíam campeões por outros estados, sendo paranaenses. Mudamos essa realidade e hoje temos os melhores atletas morando e treinando em seu estado de origem”. 

Maiara Cristina Basso, 18, joga vôlei há quatro anos e em 2014 se enquadrou no programa. Moradora de Palotina, ela diz que a bolsa ajuda nas despesas de locomoção e na compra de roupas e tênis para treinar. 

“Com o incentivo financeiro, eu me esforço muito mais para conseguir uma vaga na Seleção Brasileira”, conta Maiara, que já foi campeã dos Jogos Escolares na categoria B; ficou em 3° lugar no campeonato da Juventude e no campeonato paranaense; e conquistou o 4° lugar no campeonato brasileiro. 

Outro atleta em potencial que recebe há três anos a bolsa para treinar taekwondo é Vinícius Brunini, 16, de Londrina. Ele pratica o esporte há cinco anos. “O dinheiro vai quase tudo para as viagens que faço para disputar. É difícil conseguir medalhas sem estímulo”. 

Vinícius já foi campeão brasileiro; quatro vezes campeão paranaense; campeão brasileiro interclubes; campeão de vários opens no Brasil (que valem ponto para o campeonato nacional); ano passado terminou em segundo o ranking nacional e entrou para a seleção brasileira como reserva. 

TALENTO OLÍMPICO

Pelo programa, o Governo do Paraná garante auxílio financeiro, por meio de bolsas, a atletas e técnicos paranaenses que têm potencial para disputar as Olimpíadas do Rio de Janeiro. 

O programa começou em 2011 com um investimento de R$ 625 mil, para 250 bolsistas. Em 2012, os recursos saltaram para R$ 7 milhões e o número de bolsistas chegou a mil. Hoje são 1.500 atletas contemplados, com recursos que chegam a R$ 10 milhões, provenientes do próprio Governo do Estado, da Copel, da Compagas, Sanepar e de empresas como Syngenta e Renault, que apoiam o programa por meio da Lei Nacional de Incentivo ao Esporte. 

Uma pesquisa amostral da Secretaria estadual do Esporte revela que com os recursos, a maioria dos atletas compra calçados e uniformes esportivos. Em segundo lugar, aparece o lazer. “Isso significa que o TOP 2016 está ajudando os atletas a ocupar o seu tempo livre com um dinheiro seu e a diminuir as despesas que os pais tinham com a escolha que eles fizeram de praticar esporte”, destacou Dilson Martins, coordenador do Programa Talento Olímpico Paraná. 

“O programa foi criado para promover o esporte mirando os Jogos Olímpicos, mas a motivação tem que vir antes de tudo”, lembra o coordenador ao afirmar que o Paraná passou a segurar os jovens que vão conquistar medalhas importantes em grandes campeonatos. 

CATEGORIAS

O TOP 2016 abrange 34 modalidades olímpicas e paralímpicas e disponibiliza bolsas em várias categorias: Escolar, Formador, Nacional, Internacional, Técnico, Técnico Formador e Olimpo. O TOP Formador é voltado para jovens atletas a partir dos 12 anos, matriculados na Rede Estadual de Ensino e que tenham predisposição aos esportes. 

O TOP Escolar é dirigido aos atletas de até 17 anos indicados pelas federações esportivas. Ainda no âmbito de formação de atletas, está a categoria TOP Técnico Formador, destinada aos técnicos indicados pelos Núcleos Regionais de Educação. 

As categorias Nacional e Internacional contemplam atletas que participam de competições nacionais e internacionais. Já a categoria TOP Técnico existe desde 2012 e é voltada aos técnicos de diferentes modalidades esportivas, incluindo os que se dedicam a modalidades paralímpicas. Em 2013, foi criada a categoria TOP Olimpo, para atletas que já disputaram uma olimpíada ou paralimpíada. 

BOLSAS PARA TREINADORES

A categoria TOP Técnico Formador é destinada aos técnicos indicados pelos Núcleos Regionais de Educação. Existente desde 2012, a bolsa é voltada aos técnicos de diferentes modalidades esportivas, as paralímpicas. 

Treinador de Maiara Cristina Basso (vôlei), o técnico Claudemiro Vieira dos Santos recebe por ano R$850,00 mensais em um contrato de seis meses (podendo ser prorrogável por mais seis meses). Ele ressalta que a bolsa é um incentivo a mais para dar a melhor formação aos atletas e descobrir novos talentos. 

“Podemos dispor de um tempo maior para dar a atenção necessária aos atletas. Essa bolsa veio para ajudar a segurar o atleta no estado e um incentivo dessa amplitude nunca existiu”. O técnico conta ainda que Maiara já recebeu cinco propostas para treinar fora do Paraná mas permaneceu aqui por conta da bolsa. 

Assim como Claudemiro, o técnico Roland Santos (tênis) recebe, desde 2012, R$800,00 mensais do TOP 2016 para treinar Gabriel Sidney e outros atletas. “O tênis é uma modalidade muito cara e o TOP complementa uma boa parcela que o atleta precisa para manter o seu treinamento”, afirma. Para o técnico, Roland diz que a bolsa oferece o complemento a uma renda mensal para se dedicar aos treinos que exigem muita dedicação. 

Cristina Esteche

Jornalista

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