Da Redação, com G1
União da Vitória – O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Guarapuava, teve participação decisiva nas investigações contra o atual deputado estadual Hussein Bakri. Através das investigações do Gaeco, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) ajuizou uma ação civil pública contra o deputado e outras cinco pessoas por improbidade administrativa. A ação, que corre em segredo de justiça, trata de um suposto esquema de pagamento de propina para aprovar as contas de 2006 da prefeitura de União da Vitória, quando Bakri era prefeito da cidade.
Segundo a investigação, feita pelo MP-PR de União da Vitória com o apoio do Gaeco, entre os envolvidos no suposto esquema estavam Ziliotto Daldin (PSB), Mario Lúcio Pereira Ferreira, o Mário da Caixa (Solidariedade) e Ricardo Adriano Sass (PSC), todos vereadores de União da Vitória em dezembro de 2016, quando ocorreria a votação das contas de Bakri.
Gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça registraram conversas em que os envolvidos fazem um acerto, com a promessa de pagamento de propina, para que o presidente da Câmara de Vereadores à época, Ziliotto Daldin, colocasse as contas de Bakri para votação ainda em 2016. Ainda segundo as investigações, os partidários de Bakri temiam que, se a votação ficasse para 2017, as contas fossem reprovadas, deixando o atual deputado estadual inelegível.
O MP-PR também acredita que o advogado Thyago Pigatto Caus, que é genro de Bakri e foi candidato a prefeito de União da Vitória nas últimas eleições, estaria assessorando vereadores para a realização do parecer sobre as contas do ex-prefeito. Essa intervenção direta de Thyago, em princípio, evidenciaria uma suposta fraude na aprovação das contas.
Em uma das ligações gravadas, o vereador Mario da Caixa, que era o presidente da comissão que analisava as contas da prefeitura, conversa com Thyago sobre como deveria ser feito o parecer das contas.
Mario pergunta se não seria melhor fazer o parecer das contas sem ressalvas. Thyago questiona se isso não geraria uma discussão e sugere que o parecer fosse feito com e sem ressalvas.
Mario diz que essa possibilidade não existe, e explica que o parecer deveria ser ou com ressalvas, ou sem ressalvas.
O genro de Bakri conclui a conversa dizendo para por em votação um relatório com ressalvas.
As contas não chegaram a ser votadas em dezembro de 2016 porque a Justiça suspendeu a votação e afastou temporariamente os vereadores envolvidos, no dia da sessão em que as contas seriam apreciadas.
Dos três vereadores denunciados, Ricardo Sass foi o único reeleito.
O chefe do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em União da Vitória, André Luiz Aleixo, também foi denunciado, porque o MP-PR acredita que ele teria envolvimento no esquema.
OUTRAS AÇÕES
Também foi ajuizada uma ação na Justiça Eleitoral sobre o caso, com 17 investigados. O promotor André Bortolini, que conduziu a investigação, afirmou que também deve fazer uma denúncia criminal.
O DEPUTADO
O deputado Hussein Bakri informou que não foi intimado e que vai provar, no decorrer do processo, que é mentira que ele ofereceu propina para os vereadores. Ele disse ainda que não teria motivo pra isso, até porque existe uma decisão do Tribunal de Contas para que as contas sejam votadas pelas Câmaras Municipais. O ex-prefeito também reclamou da demora pra votação, já que são contas de 2006.
A assessoria do advogado Thiago Pigatto Caus disse que ele irá se manifestar quando tiver ciência dos fatos, pois ainda não recebeu nada oficial.
O vereador Ricardo Sass e o chefe do IAP em União da Vitória, André Luiz Aleixo, disseram que não tinham conhecimento da ação e que, por isso, não iriam se manifestar.