22/08/2023


Geral Guarapuava

Com mandado em aberto, ex prefeito Fernando Carli é aguardado pelo Gaeco

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Da Redação

Guarapuava – O ex prefeito de Guarapuava, Luiz Fernando Ribas Carli, está sendo aguardado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) para o cumprimento de um mandado de condução coercitiva (quando o intimado é obrigado a prestar depoimento, com escolta policial). Ele foi citado nessa quarta feira (29) em uma operação para desmontar uma suposta organização criminosa que atuou em fraudes a licitações do transporte coletivo em três cidades do Paraná. (LEIA MAIS AQUI SOBRE O ASSUNTO)

A expectativa é que Fernando Carli se apresente na sede do Gaeco, em Curitiba, para prestar depoimento.

Nessa quarta feira, seis pessoas foram presas. Além das prisões, foram expedidos mandados de condução coercitiva, entre eles o do ex prefeito Fernando Carli, que não estava em viagem e não foi localizado. Além de Carli, também o ex-prefeito do Foz do Iguaçu, Paulo Mac Donald Ghisi foi alvo desses mandados.

Policiais estiveram na casa de Fernando Carli, de onde retiraram dois malotes de documentos.

A operação foi batizada de Riquixá – uma espécie de veículo utilizado para o transporte de carga e pessoas que pode ser pedalado ou puxado por alguém.

Entre os presos, cinco pessoas são da empresa Logitrans, que tem sede em Curitiba e que tem como um dos sócios Sacha Reck. Ele é advogado do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba. De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), o advogado seria um dos operadores do esquema.

Ainda segundo as investigações do Gaeco, a Logitrans junto com outra empresa de São Paulo, que também teve um dos sócios preso, seriam as responsáveis por fraudar as licitações do transporte público em Guarapuava, Foz do Iguaçu e Maringá, no norte.

Estas duas empresas eram contratadas pelas prefeituras para formatar as licitações. Porém, os modelos de contratos favoreceram dois grandes grupos do transporte coletivo público: Gulin e Constantino, conforme o Gaeco.

"Ora um grupo, ora outro, eles já previamente dirigiam através de outras empresas, outras pessoas, as licitações de tal forma que elas já estavam dirigidas para eles ganharem a licitação e contratarem com poder público", afirmou o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti.

O Gaeco apreendeu vários documentos, computadores, celulares e dinheiro. Apesar dos indícios de fraude investigados pelo Ministério Público, os contratos com essas empresas do transporte coletivo dos municípios não serão cancelados. Os próximos passos da investigação são para descobrir qual o tamanho do prejuízo com esse esquema criminoso e determinar possíveis indenizações.

"A não concorrência, ela privilegia alguns afastando concorrentes, ela tem como consequência ao final, invariavelmente, afetar a tarifa nesse caso do serviço público e isso é um fato econômico visto e evidenciado e comprovado", explicou Batisti.

ATUAÇÃO

O advogado Sacha Reck e os empresários Marco Antônio Gulin e Délfio José Gulin também foram denunciados pelo Ministério Público do Distrito Federal por fraude. Eles atuaram na licitação que renovou o sistema de ônibus de Brasília, a partir de 2011.

Segundo a denúncia, Reck atuou como consultor na elaboração da concorrência, mas tinha envolvimento com a Auto Viação Marechal, empresa que saiu vitoriosa da licitação e ainda atua na capital federal.

A 1ª Vara de Fazenda Pública do DF chegou a determinar a anulação dos contratos e a abertura de uma nova licitação no fim de janeiro, com prazo de 180 dias. O governo e as empresas recorreram.

Após 11 meses de trabalho, a CPI do Transporte da Câmara Legislativa do DF também pediu o indiciamento de 17 pessoas envolvidas na licitação, incluindo o três citados pelo MP. No texto, Sacha Reck é acusado de direcionar a licitação para a Marechal.

Cristina Esteche

Jornalista

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