Montadoras de carros e caminhões estão dando férias coletivas e retomaram planos de demissão voluntária devido à queda nas vendas e nas exportações. O que tem de veículos prontos é suficiente para abastecer o mercado por 48 dias. O ideal para estoque é de 30 dias.
De janeiro a março do ano passado, foram emplacados 830.474 veículos no Brasil. No primeiro trimestre deste ano foram 812.754, um recuo de 2%.
As exportações caíram bem mais: quase 32,7% em um ano. De cada 10 carros exportados, 8 vão para a Argentina. Mas o Brasil está sem acordo comercial com o país vizinho: ele só deve voltar a vigorar no mês que vem.
A consequência é que as montadoras reduziram a produção. Por isso, a indústria decidiu dar licenças remuneradas, férias coletivas e oferecer planos de demissão voluntária, o chamado PDV.
A quantidade de vagas nas fábricas depende das vendas nas concessionárias. E elas andam vazias. O dólar valorizado e reajustes do preço do aço encareceram as peças. Além disso, as montadoras estão obrigadas desde o início do ano a instalar airbag e freios ABS nos carros novos, e isso tem um custo.
"A geração de emprego é a mais fraca dos últimos dez anos. A confiança das famílias está abaixo da média histórica, o crédito está sendo retomado de maneira muito devagar ainda", explica o analista do setor automotivo Rodrigo Bagi. "Todo esse conjunto de fatores faz com que as famílias olhem para o orçamento, olhem para o preço dos veículos, olhem para tudo o que elas tem que consumir com esse orçamento, e falam, não, agora eu não vou consumir. Eu vou esperar para ter essa decisão de comprar um carro só mais para frente."