Debruçado sobre a famosa questão: por que fomos do protesto à resignação é que me lanço a escrever estas curtas linhas.
De todas as tentativas até agora pensadas e testadas para mudar o jogo político que joga contra o ser humano em favor do capital ‘abrir um buraco no presente’ para intensificar outra maneira de ser e de perceber a ordem do mundo talvez seja a melhor saída.
O fato concreto é que, até o presente momento nenhuma das ações, até agora praticadas, conseguiram viabilizar uma alternativa política eficaz. O problema, ao que parece, é que muitas pessoas consideradas esclarecidas, continuam presas e até mesmo reféns de práticas da velha ilusão da esquerda radical. Assim como não avalizo a direita radical sob espécie alguma, tão pouco avalizo a esquerda radical. Este binarismo, oito ou oitenta, tem bloqueado aquilo que a filosofia mais preza, a racionalidade e a reflexão por um mundo ideal.
De fato, neste exato momento estamos literalmente impotentes. Como sentenciou Rancière, filósofo crítico contemporâneo, "os mesmos sempre encontram maneiras de se arranjar com as anomalias e os monstros que secretam".
Me parece que é hora de dar um passo adiante, preferencialmente sem retórica. Ora, quando é que vamos construir lutas eficazes e capazes de agredir as diferentes formas da lógica capitalista que sempre colocou o capitalismo acima do ser humano ?
Urge uma nova imaginação política para atenuar tantas perdas. Precisamos aproveitar melhor dois elementos que o próprio capitalismo criou para si próprio e que, em meu entendimento, pode-se subverter, a saber: a conectividade barata e generalizada e a revolução da informação.
Está claro como a neve que as instituições que nos governam são instituições que nasceram num momento em que o mundo não era o que se tornou. O que vejo, sinceramente, é que a rejeição ao “mais do mesmo” nas próximas eleições será inevitável, mas tenho dúvida se esta suposta rejeição será suficiente para uma mudança real e se a mudança que se desenha não será ocupada por oportunistas de plantão ou até mesmo falsos profetas. Confesso que estou muito mais temerário que esperançoso.