22/08/2023

Como ter discernimento em tempos de crise?

Muitos parecem insatisfeitos e, de fato, estão. Paraná afora o clamor do “Fora Richa” se fortalece. É impressionante constatar que o Governador, ilhado, não tem outra saída senão se recolher, atender o limite e esperar. A questão agora é encontrar uma forma deste grito virar voto transformador. Laboratório não faltará, as eleições de 2016 se aproximam.  Opor-se  aos partidos e grupos cúmplices desta situação parece ser nos dias de hoje a imagem mais forte no imaginário do cidadão local.

Embora os números expressem uma parte da realidade, precisamos mais. O diagnóstico é que os extremos são sempre perigosos. Assim, a última pesquisa confiável, realizado pelo data-folha,  atesta que  22.6%  concordam que não deveria haver eleições e especialistas deveriam governar; 34% acham que a democracia pode funcionar sem congresso nacional; 48.5% preferem a democracia a qualquer outra forma de governo; 69.2% não estão satisfeitos com o funcionamento da democracia;  apenas 5,5% confiam plenamente no congresso; tão somente 4,2% confiam plenamente nos partidos políticos e o mais alarmante, 80% não tem preferência por algum partido político. Fiquei impressionado com este último resultado.

O risco disso tudo é a indiferença e o vazio político que pode se abrir, pois entre ‘isto’ ou ‘aquilo’, muitos lavam as mãos e o retrocesso político pode ser letal. Não foi isto que aconteceu na Inglaterra, dias atrás ?

Recuperar a memória e conhecer melhor  nossa  trajetória é o primeiro caminho para fincarmos uma  posição mais consistente.  Como frisou José Ignácio González  “nenhuma luta parte hoje do zero, mas de uma situação de negatividade que se arrasta há muito tempo”. Neste cenário, muitos radicalizam e se negam a aceitar ou compactuar com nada. Outros perguntam: o que devemos simplesmente aceitar (sem perder a consciência) e o que de modo algum podemos compactuar? Grande dilema.

É por isso que estamos sempre aprendendo. A grande lição que o Jesuíta José Ignácio nos dá,  parte da pergunta: como ter discernimento em tempos de crise?

Uma delas diz respeito a uma verdade difícil de digerir, mas que precisamos ao menos considerar. Qual? A tentação da desunião que tende a atingir as esquerdas ou ideias mais voltadas para o social.   Por outro lado, sabe-se que os interesses, nos dias de hoje,  unem mais que os ideais. Aí parece estar a explicação para o crescimento de neoconservadores e simpatizantes da nova direita na Inglaterra e Europa  e a ascensão deste tipo de pensamento em solo tupiniquim. Observa-se que os conservadores se unem mais em torno de interesses particulares e trabalham em cima de agendas que os unem. É o pragmatismo imperando.

Diante de tudo isto, o que pode ser feito ? Pode-se  melhorar, mas sem ilusão, não será muito não. Não há nada a fazer? Há sim e muito. Como? A estratégia de bom senso é avançar por meio de pequenos passos, sem falsas promessas e sem fundamentalismos. 

Cristina Esteche

Jornalista

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