22/08/2023
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O risco de quem se nega a tomar vacina é contrair a doença mais forte

Conforme o médico Hiagor Silva, "a vacina serve pra que a gente tenha uma doença mais leve, não seja hospitalizado e não venha a óbito"

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A vacina serve para que a população tenha uma doença mais leve (Foto: Secom/Prefeitura de Guarapuava)

Apesar de Guarapuava ter registrado oito mortes por covid-19 desde o início de 2022, sem vacina o cenário seria muito pior. Do total de casos confirmados no município nesses quase dois anos de pandemia, 21,6% das contaminações ocorreram depois do Natal de 2021. Nos últimos 25 dias, houve 7.763 notificações contabilizadas. Em contrapartida, nesse período ocorreu pouco mais de um por cento das mortes em decorrência da covid-19, 8 das 627, ou 1,11% do total.

A vacina realmente não impede que a pessoa pegue a doença, no entanto faz com que o organismo aja imediatamente ao perceber o vírus. Todas as vacinas distribuídas pelo Ministério da Saúde no Brasil, antes de liberadas para a população, passaram por testes, tanto pela Organização Mundial da Saúde quanto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De acordo com o médico alergista e imunologista, Gilberto Saciloto, não libera-se nenhuma medicação sem testagem. Além disso, o tempo curto de testagem não diminui a eficácia do imunizante.

Nenhuma medicação é liberada na fase três sem pelo menos 3 mil pessoas testadas. Numa situação destas de pandemia a globalização ajuda. Vários blocos de pessoas são testadas simultaneamente.

Sendo assim, os imunizantes têm comprovação científica de eficácia. Basta analisar a situação vivida em Guarapuava há menos de um ano. No auge da pandemia em 2021, no mês de maio, 5.459 moradores se encontravam infectados. Desses 149 morreram em decorrência da doença. No entanto, das 7.204 notificações contabilizadas desde o dia 26 de dezembro de 2021, oito pessoas morreram.

De acordo com a Secretaria de Saúde de Guarapuava todas as pessoas que perderam a vida nos últimos dias tinham mais de 44 anos e comorbidades. Dessas, sete eram homens. Um deles não havia tomado vacina e os demais já tinham recebido duas ou três doses. Uma mulher de 87 anos, vacinada com as três doses também não resistiu à infecção.

Conforme Saciloto, a imunização contribui para a redução da ocupação de leitos, pois os casos de infecção são mais leves. No entanto, é importante manter os cuidados básicos para evitar a transmissão do vírus, como o uso de máscara e o distanciamento social. De acordo com o médico, “o vírus é presente nas vias aéreas superiores. Ali ele permanece e transmite. Assim como as mãos são transmissoras ao tocar no nariz ou boca”. Por isso que é importante fazer a higienização constante com álcool em gel.

DISCURSOS NEGACIONISTAS

Apesar de tantas informações e evidências científicas da eficácia da vacina, muitas pessoas se negam a acreditar que os imunizantes funcionem. Algumas ainda compartilham noticias falsas afirmando que as vacinas podem causar outros tipos de doenças ou reações.

Esses discursos negacionistas colocam em risco a vida de pessoas, já que sem a vacina o risco de hospitalização e morte é muito maior, como explica o médico chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Guarapuava, Hiagor Silva.

Quem não tomou a vacina contra a covid, pode ter uma doença muito mais forte. A vacina serve pra que a gente tenha uma doença mais leve, não seja hospitalizado e não venha a óbito. O risco da pessoa que se nega a tomar a vacina, é justamente contrair a doença muito mais forte.

Algumas reações após tomar uma das doses da vacina podem surgir. Conforme Hiagor, qualquer medicamento pode apresentar efeito colateral. No entanto isso não indica risco de vida à pessoa.

A gente tem alguns casos de uma síndrome gripal, uma febre após a aplicação de alguma das doses da vacina. Contudo, esses são os riscos que elas oferecem e que não são exclusivos da vacina contra a covid-19. Todas as vacinas podem apresentar algum risco. Assim como qualquer medicamento apresenta efeito colateral.

QUARTA DOSE

O Ministério da Saúde já sinalizou que possivelmente aja a aplicação de uma quarta dose da vacina contra covid-19 nos próximos meses. Mas, por enquanto são conversas iniciais. No entanto, pelo comportamento do vírus devido a aparição de novas cepas, é muito provável que essas vacinas necessitem de revisão de tempos em tempos.

Então é provável que o comportamento da vacina para a imunização contra covid-19 seja muito parecido com o comportamento da vacina contra a Influenza. Todo ano a gente faz a imunização contra a Influenza, e todo ano é uma vacina diferente. Sempre é replicado os tipos de Influenza que estavam mais frequentes no ano anterior, assim passam a fazer vacinas com esses tipos pra aplicar no ano seguinte.

Hoje completa uma ano do início da vacinação contra a covid-19 em Guarapuava. Essa semana a Saúde iniciou a imunização de crianças entre cinco e 11 anos com comorbidades e as que fazem parte do Beneficio de Prestação Continuada (BPC). Nas redes sociais do Portal RSN algumas pessoas se manifestaram contra a imunização infantil.

(Imagem: Reprodução/Facebook RSN)

(Imagem: Reprodução/Facebook RSN)

Nesta quarta (19) a Saúde iniciou a vacinação de crianças com 11 anos completos sem comorbidades. Conforme o médico Hiagor, entrevistado pelo Portal RSN, crianças e adolescentes também tiveram quadros graves da doença e morreram. Tanto no Brasil quanto no mundo.

A gente teve aproximadamente 2.300 casos de covid em crianças desde o início da pandemia. A covid se tornou uma das principais causas de mortalidade entre as crianças, mesmo que esses números em absoluto sejam muito menores que o total de óbitos pela doença considerando os adultos. Então se a gente olhar apenas a população pediátrica, a covid também se tornou uma causa importante de óbito. Dessa forma, a gente precisa imunizar essas crianças para que elas também tenham um risco menor de hospitalização e óbito.

PARANÁ

Na tarde desta quarta (19) o Secretário de Saúde do Estado, Beto Preto reforçou que “a vacina é o milagre da vida”. E que o Paraná vem conseguindo ultrapassar esses momentos difíceis por causa do imunizante.

Sem ela, teríamos perdido a vida de muitos paranaenses. Infelizmente alguns sucumbiram, mas nós teríamos perdido ainda mais. Nós passamos o ano de 2020 inteiro sem vacina.

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Antunes

Jornalista

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