22/08/2023
Economia

Crédito imobiliário tem melhor semestre desde 1995

O volume de empréstimos para a compra e a construção de imóveis no país cresceu 34% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado. O volume liberado chegou a R$ 49,6 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no melhor resultado desde 1995.

No Paraná, o número de unidades aprovadas para financiamento com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) cresceu 11%, passando de 13.982 nos primeiros seis meses de 2012 para 15.555 neste ano.

 

R$ 750 mil pode ser o novo teto para o financiamento de imóveis dentro das regras do SFH, o sistema financeiro que usa recursos do FGTS e tem juros mais baixos. Hoje o valor máximo é de R$ 500 mil. A mudança está em análise no Banco Central e no Ministério da Fazenda.

O economista Fábio Tadeu Araújo, da Brain Bureau de Inteligência, consultoria especializada no setor, comenta que o número é reflexo da venda de imóveis nos primeiros meses da retomada da construção civil, o chamado “boom imobiliário”, entre 2009 e 2010. “São os lançamentos daquela época que estão sendo entregues agora”, diz. O aumento na concessão do financiamento, de acordo com o economista, mostra que quem comprou está conseguindo arcar com a dívida. “Havia rumores sobre o número de unidades que voltariam às construtoras, caso os compradores não tivessem condição de assumir o financiamento, mas esse crescimento mostra que isso não aconteceu”, aponta.

Para o gerente regional da Caixa Econômica Federal, Vilmar José Smidarle, o crescimento na concessão do crédito imobiliário mostra que a construção civil mantém uma regularidade, mesmo que outros setores mostrem sinais de desaquecimento. “A manutenção da taxa de juros, a baixa inadimplência e a demanda fazem com que esse setor tenha possibilidades otimistas a longo prazo”, diz. Somente a Caixa baixou em 21%, em média, os juros de financiamento para a compra de imóveis em 2012, acompanhando o ciclo de baixa da taxa básica de juros da época.

Expansão

A Abecip estima um crescimento de 15% a 20% para o setor em 2013. No início do ano, a entidade previa apenas 15%, mas fez uma revisão na projeção após o avanço de 34% no primeiro semestre. Com a nova estimativa, os financiamentos devem encerrar o ano em um montante entre R$ 95,2 bilhões e R$ 99,3 bilhões. No ano passado, o volume foi de R$ 82,8 bilhões.

 

O financiamento para compra e construção de imóveis deve se tornar a principal carteira de crédito para os bancos brasileiros ainda neste semestre. A Abecip calcula que o saldo do crédito imobiliário atinja um patamar em torno de R$ 300 bilhões em agosto, superando, a partir daí, o saldo da carteira de crédito pessoal.

Segundo dados do Banco Central mencionados pela Abecip, o crédito imobiliário dentro do Sistema Financeiro Nacional (SFN) subiu 34% em 12 meses, superando o crescimento do crédito rural (23%), indústria (11%) e pessoa física (9%).

Ainda segundo a Abecip, o valor máximo de imóveis para financiamento dentro do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) – com recursos do FGTS e juros menores – pode ser expandido de R$ 500 mil para R$ 750 mil neste ano.

A proposta está em análise no Banco Central e no Ministério da Fazenda. “A última vez que esse valor subiu foi em 2009. Se fôssemos corrigir só pela inflação, esse valor teria chegado a R$ 650 mil”, afirmou o presidente da Abecip, Octávio de Lazari Junior.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.