22/08/2023
Saúde

Cresce o número de soropositivos entre 15 e 25 anos em Guarapuava

imagem-82419

Cristina Esteche – Foto: A psicóloga Priscila Fortini e a enfermeira Angela Camargo

Cresceu o número de soropositivos na faixa etária entre 15 e 25 anos, em Guarapuava. Entre estes, o maior número de infectados pelo vírus HIV, atendidos pelo Serviço de Atendimento Especializado (SAE), está entre os heterossexuais.

“De 2013 para cá o número de novos casos  aumentou em 35% e são pessoas que possuem união estável”, disse a psicóloga Priscila Ferreira Fortini, do SAE.

De acordo com a psicóloga, Guarapuava registra média de soropositivos três vezes maior do que a taxa do Ministério da Saúde, considerando o número de habitantes. “Entre janeiro e setembro deste ano foram diagnosticados 53 novos casos entre 2,6 mil pessoas testadas. Se o Ministério da Saúde diz que em cada mil há seis soropositivos, em Guarapuava tinha que ser diagnosticado 15 novos casos e não 53. Portanto, não se trata de uma epidemia estabilizada como prega o MS. É assustador”, alerta a enfermeira.

Segundo ela, a confiança no parceiro é a principal causa do contágio. “A mulher confia no homem e vice versa e acaba não usando o preservativo durante o ato sexual”, observa a psicóloga. Pelos casos atendidos, Priscila observa que na maioria das vezes, apesar da união ser estável, incluindo o casamento, quando há uma briga sempre alguém “escorrega”, se relaciona com outra pessoa e pode contrair o vírus e no retorno ao relacionamento anterior acaba contaminando o outro.

A falta do uso de preservativo por parte de casais mais jovens é cultural. De acordo com a enfermeira do Sae, Angela Maria de Camargo, essa atitude está implícita no discurso social. “É uma questão de confiança e não de cuidado. Ninguém avisa que vai trair. Temos um caso diagnosticado de uma mulher que só teve um parceiro a vida toda”, diz. De acordo com a enfermeira, durante as abordagens sistemáticas feitas pelo Sae, muitas mulheres recusam qualquer informação porque acharem que não precisam por serem casadas. “De repente o marido trai e a esposa corre o risco”, afirma.

Como a sexualidade está começando cada vez mais cedo e não faltem informações sobre os efeitos do não uso de preservativos, muitas pessoas se deixam levar pela aparência do outro no momento da abordagem. “Ah! É da minha igreja; ela era limpinha; se eu contrair tem remédio eficiente. São justificativas como essas que ouvimos durante o atendimento, mas é preciso saber que a Aids não tem cara”, alerta a enfermeira. “Tudo é pré julgamento”.

De acordo com Angela, o Sae atende uma adolescente de 13 anos de idade. Ela é apenas uma entre os mil casos de soropositivos, dos quais apenas 400 fazem o tratamento. São pessoas de todas as classes sociais e religiões. “A Aids não tem preconceito”, afirma a enfermeira.

SERVIÇO
O SAE recomenda que cada pessoa deve fazer o teste de HIV pelo menos uma vez por ano.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.