Produtores rurais vão se reunir, no próximo dia 24, a partir das 9h, no anfiteatro do Sindicato Rural de Guarapuava, para debater a criação de uma cooperativa florestal. Incentivado por agricultores que cultivam florestas comerciais na região, o encontro vai focar na atual situação do mercado de madeira e nas vantagens do associativismo pela via cooperativa. Outro objetivo é que os participantes possam aprofundar a troca de idéias e, eventualmente, chegar a uma posição comum sobre o assunto.
Para a produtora rural Hildegard Abt Roth, o estabelecimento de uma cooperativa florestal beneficiaria em especial os pequenos produtores de madeira e consolidaria o setor como um todo na região. “A única maneira de fortalecer é a criação de uma cooperativa. Aí vamos ter escala e quantidade”, afirmou. Conforme exemplificou, uma cooperativa poderia receber madeira de vários agricultores, durante todo o ano, assegurando comercialização para quem produz florestas comerciais. “(A oferta) Vai ter uma continuidade, vai ser muito mais fácil conseguir mercado”, completou.
Defendendo que os agricultores participem da reunião, outra produtora, Petronilha da Silva Nunes, resumiu seu ponto de vista afirmando que, sem uma cooperativa florestal, “não tem para quem vender (a madeira)”. Petronilha explicou que é necessário planejar o cultivo da floresta e a comercialização da madeira. “Você tem que fazer alguma coisa pensando na pessoa para quem você vai vender”, declarou, observando que uma cooperativa teria a função de organizar a cadeia produtiva, do plantio à venda. Ela disse ainda ver em cooperativas como a Cooperaliança, Agrária e Coamo exemplos de que o cooperativismo pode fortalecer o campo. Na atual situação do setor florestal na região – relatou – ela e outros produtores que conhece se veem às vezes obrigados a doar de graça a madeira do chamado “desbaste” das florestas, por não encontrar comprador. Já na produção de eucalipto, como em seu caso, a dificuldade é a escala: as grandes empresas que adquirem o produto só fazem compras em grandes volumes; as pequenas, que compram em volumes menores, preferem outros tipos de madeira mais macia, para cavaco, como o pinus. Petronilha acrescentou que, para sua propriedade, a reunião do próximo dia 24 poderá significar até o destino que dará a uma área que deixou em pousio, à espera de uma definição: “Se for criada uma cooperativa, eu vou plantar eucalipto (naquele local), senão, vou plantar erva-mate – pelo menos, na erva-mate, a gente tem para quem vender”, desabafou. A agricultora também considerou que os produtores de madeira da região precisam se interessar mais pelo assunto, comparecendo e participando dos eventos que debatem o setor florestal.
A eventual criação de uma cooperativa de produtores de madeira foi também um dos temas do evento “2º Módulo de Desenvolvimento Florestal”, realizado em abril deste ano pelo Sindicato Rural de Guarapuava e diversos parceiros, na sede da entidade. Na ocasião, um dos palestrantes, o agrônomo Pedro Frâncio, da Consultoria Unisafe (Londrina-PR), defendeu planejamento para a produção e a venda da madeira e a criação de uma cooperativa para que os produtores não precisem competir, entre si, e possam acessar mais mercados.