22/08/2023
Cotidiano Em Alta Guarapuava

Cristian Walter, condenado a 24 anos de prisão, pode deixar a cadeia pública

O criminalista Marinaldo Rattes, adiantou com exclusividade ao Portal RSN, que o recurso interposto pela defesa ao STJ já tem maioria dos votos pela absolvição de Cristian

Marinaldo Rattes e Cristian Walter (Foto: Divulgacão)

Cristian Walter, condenado a 24 anos e dois meses de prisão, e inicialmente apontado como um dos três envolvidos na morte do taxista Jerson Meira, pode deixar a cadeia pública de Guarapuava em breve. O latrocínio, ocorreu em 2017 em Guarapuava. De acordo com o criminalista Marinaldo Rattes, em entrevista exclusiva ao Portal RSN, o recurso interposto pela defesa ao Superior Tribunal de Justiça em Brasília, iniciou julgamento em setembro.

Além disso, o criminalista adiantou que atualmente quatro dos cinco Ministros do STJ acolheram as teses da defesa para conceder o recurso e absolver Cristian. Conforme Rattes, o julgamento não terminou, pois um dos ministros pediu vistas do recurso. “Contudo, mesmo que esse voto seja desfavorável não mudará o julgamento pela absolvição diante da maioria dos votos”.

O criminalista, destaca que o julgamento definitivo anulará a condenação com trânsito em julgado. E com isso, Cristian que se apresentou espontaneamente em junho deste ano perante as autoridades será posto em liberdade. Além disso, de acordo com Rattes, a decisão do STJ poderá se estender aos demais réus do processo.

“Embora esteja pendente o julgamento da revisão criminal interposta pela defesa perante ao TJPR, a qual está com parecer favorável do Ministério Público pela absolvição de Cristian e Michael, a absolvição pelo Superior Tribunal de Justiça ao ser julgada definitivamente, se ocorrer antes do recurso de revisão criminal, haverá perda de objeto do recurso no Tribunal Paranaense”.

RELEMBRE O CASO

Cristian Walter e Michael Camargo, condenados pela morte do taxista Jerson Meira, em Guarapuava, se apresentaram de forma voluntária à Polícia Civil em junho deste ano. O primeiro a se entregar foi Michael no dia 24 de junho. No dia seguinte, Cristian compareceu ao plantão da 14ª Subdivisão Policial de Guarapuava. Ambos estavam acompanhados do advogado de defesa, o criminalista Marinaldo Rattes.

A apresentação oficial dos dois ocorre após ampla repercussão nas redes sociais e na imprensa sobre o caso, que voltou ao centro do debate jurídico no Paraná. Como a Polícia Civil havia divulgado novamente fotos dos dois homens pedindo apoio da população para encontrá-los, os dois resolveram se apresentar. No entanto, o criminalista Marinaldo Rattes classifica a condenação como um erro judicial e aponta falhas no reconhecimento de suspeitos e na fragilidade das provas.

O caso envolve o assassinato do taxista Jerson Meira. A vítima acabou morta com um tiro na cabeça após receber chamada para fazer uma corrida. O corpo estava em uma área rural de Guarapuava e o carro abandonado em Imbituva. Michael Willian Camargo, Cristian Walter Araújo e Alexandro Brito da Rocha acabaram condenados pelo crime.

ERROS NO PROCESSO

Entretanto, desde o fim do ano passado, a defesa de Cristian e Michael afirma que eles são inocentes e que a condenação se apoia em provas frágeis, reconhecimentos considerados irregulares e uma investigação marcada por erros. De acordo com a defesa, Cristian e Michael sempre colaboraram com o processo e chegaram a ficar presos em fases anteriores da investigação.

Conforme Rattes, a opção foi pela apresentação formal, mesmo com recursos pendentes de julgamento em tribunais superiores. “Embora sejam robustas as provas de que eles não cometeram o crime, entendeu a defesa ser necessário contribuir e cumprir as ordens judiciais”.

A defesa sustenta que a condenação se baseou em provas frágeis, sem elementos que comprovem a participação dos réus no homicídio. “A absolvição dos recorrentes corrige os possíveis equívocos que ocorreram durante a instrução do processo, julgado sem qualquer prova cabal da participação do Cristian e do Michael no crime imputado na sentença criminal”, finaliza Rattes.

QUESTIONAMENTOS

Entre os pontos questionados pela defesa estão o reconhecimento dos acusados apenas por meio de fotografias, o que contraria diretrizes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do STJ. Além disso, exames periciais como análise de digitais e de DNA dos vestígios encontrados não constavam nos autos.

“Não há nos autos nenhuma prova material que vincule meus clientes ao crime. Não podemos permitir que o sistema judicial valide mais um erro histórico, permitindo que inocentes sejam presos antes da análise definitiva dos recursos, e depois sejam soltos por uma absolvição que desde já se anuncia como provável”.

Em vídeo publicado nas redes sociais no fim de 2024, Cristian Walter fez um apelo público. “O próprio Ministério Público, na segunda instância, foi a favor da nossa absolvição por erros de reconhecimento e provas fracas. A gente crê que no final a justiça vai ser feita.”

Leia outras notícias no Portal RSN.

Gilson Boschiero

Jornalista

Possui graduação em Jornalismo, pela Universidade Metodista de Piracicaba (1996). Mestre em Geografia pela Unicentro/PR. Tem experiência de 28 anos na área de Comunicação, com ênfase em telejornalismo e edição. Foi repórter, editor e apresentador de telejornais da TV Cultura, CNT, TV Gazeta/SP, SBT/SP, BandNews, Rede Amazônica, TV Diário, TV Vanguarda e RPC. De 2015 a 2018 foi professor colaborador do Departamento de Comunicação Social da Unicentro - Universidade do Centro-Oeste do Paraná. Em fevereiro de 2019, passou a ser o editor chefe do Portal RSN. @gilson_boschiero

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

RSN
Visão geral da Política de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.