22/08/2023
Cotidiano Guarapuava

Da adolescência para amizades por toda a vida

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Lizi Dalenogari

Sim, lá se vão 38 anos da época em que um grupo de adolescentes, que estudava no antigo Colégio Aplicação (hoje Visconde de Guarapuava), em Guarapuava, se reuniam quase que diariamente na casa do amigo Orlando Cezar da Silva. Ali nascia muito mais que duradouras amizades, nasciam momentos para sempre serem relembrados e brindados. E foi o que estes meninos, hoje adultos com seus cinqüenta e tais anos fizeram. Se reuniram um dia destes em Guarapuava para reviverem momentos e brindarem a amizade pura e sincera. Entre álbuns de fotografia, muitas risadas e ao som de discos de vinil que os embalavam na época, um exemplo mais que necessário a ser seguido.

“Há 16 anos nos reunimos pela primeira vez aqui mesmo em Guarapuava e foi um grande momento. Éramos cerca de 25 adolescentes que nos víamos todos os dias e o ponto de encontro, além do Colégio, era a minha casa. Meus familiares sempre os acolheram como membros da família e os pais se sentiam tranqüilos em deixá-los lá em casa por algumas horas. As festas de garagem, as festas juninas, os jogos de futebol, enfim, todas as atividades eram planejadas e executadas na minha casa, que passou a ser também deles, por cerca de 3 anos consecutivos”, conta Orlando.

Didi Silva, 71 anos, irmã de Orlando se tornou a amiga-confidente, e por que não dizer a mãezona de todos. “Eles se reuniam na nossa casa. Ali era a sede deles. As mães os deixavam no portão e voltavam para suas casas sossegadas porque sabiam que os filhos ficariam bem. As meninas confidenciavam comigo as paixonetas da época e choravam no meu ombro. Era a conselheira sentimental delas. Foi uma emoção muito grande revê-los, bateu um orgulho pelo que se transformaram e vê-los felizes é uma alegria sem tamanho. Estava tão ansiosa para revê-los novamente. Estive no primeiro encontro em 1998 também. Era a mãezona de todos e me emocionou sempre em rever os “filhotes”, diz Didi.

Os cadernos de confidência que marcaram gerações

Cassiana Teixeira, mora atualmente em Paranaguá, e há 17 anos não revia os amigos. “Nos mobilizamos pelo face e mais uma vez foi o Orlando que mobilizou a todos. Orlando agregava as pessoas e faz isso até hoje. Nós tínhamos 13, 14, 15 anos na época que mais marcou nossas vidas.  A família do Orlando sempre foi impecável conosco. Tínhamos formas diferentes de agregar os amigos e fomos nos transformando em uma grande família”, enfatiza Cassiana.

Raquel Galiciolli, em 1981 foi embora de Guarapuava e atualmente reside em Minas Gerais. Em 1998, acompanhada da prima Clotilde Denardi, também se reuniu com os colegas para brindar esta amizade prá toda a vida. “Eram muitos os impedimentos para estar aqui na Morada da Lua (atual casa do Orlando) hoje, mas acabou dando tudo certo e é uma alegria estar aqui. Nosso ponto de encontro era na casa deles, e a Didi se tornou uma amiga-confidente, uma mãezona. Ela intermediou todos os conflitos e romances da época. Fazíamos festas de Garagem, as legítimas, e foi numa destas festas que comecei meu primeiro namoro, e com o Orlando”, conta sorrindo. “Dançávamos trocando os pares entre nós e o máximo que acontecia eram os meninos passarem as mãos pelas nossas costas para se certificarem se estávamos de sutiã ou não”, brinca Raquel.

Raquel ainda relembra a pureza dos relacionamentos que vivenciavam na época. “Já tínhamos completado um mês de namoro e ainda não tinha rolado o primeiro beijo. E quando aconteceu foi mágico e inesquecível. Íamos escondidos para as matines. Eram meados de 1977 e durante 3 anos vivemos nos encontrando constantemente. Foram momentos intensos e inesquecíveis de amizade pura, cada vez mais raras nos dias de hoje”, conclui.

Marcos Antonio de Abreu, foi o primeiro da turma a se casar. Tinha apenas 18 anos, quando jurou amor eterno diante do altar a Athis Bianco de Abreu. “Estamos casados há 35 anos. Ela chegou num baile de Carnaval e troquei de par logo que a vi, e lá se vão 35 anos, quem diria? E ela também fazia parte do nosso grupo esporadicamente”, relata o casal que tem duas filhas e três netos.

Na 4ª série Marcos estudou com o Orlando e fez amizade com “Puf”, vizinho do Orlando. “Éramos inseparáveis, parceiros de comprar briga uns pelos outros. Nunca brigamos entre nós. Éramos rapazes da difícil vida fácil”, conta entre risadas.

Em 1979 começaram a se dispersar. Muitos mudaram para outras cidades do estado e do país. “O tempo foi mais cruel para uns e mais generoso para outros, mas o que verdadeiramente importa é o que nos uniu lá atrás e o que nos acompanhou a vida inteira. Entre bate-papos na escadaria de minha casa, as idas aos matines e lanches no Lagrimão-  momentos de uma fase maravilhosa de nossas vidas. No nosso QG, como era conhecida a minha casa, descobri a beleza do primeiro beijo e a importância de amizades com bases tão fortes, que nem o tempo pode enfraquecer”, conclui Orlando.

Nos bate papos na escadaria do "QG" da turma, a promessa da amizade para a vida se cumpriu

Cristina Esteche

Jornalista

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