22/08/2023

De frente pro crime!

Lutar contra a invisibilidade é um  desafio. Ainda mais quando grande  parcela da população não está pronta para lidar com as “pessoas invisíveis”. E Guarapuava começa a encarar de frente questões que há muito tempo vem sendo empurradas para "baixo do tapete" por se tratarem de assuntos ácidos, embora extremamente necessários.

Embora sem ter uma identidade norteadora que marque o mote da atual gestão, a atual administração age. Já trabalhei efetivamente em gestão que pregava o ser sobre o ter, assim como naquela que dizia ser Guarapuava uma cidade cada vez mais humana. Já convivi Junto com você e com Guarapuava pronta para o futuro. Dentro de cada conceito a partir do perfil de cada gestor, cada um fez a sua parte. A aprovação foi o povo quem deu nas urnas. Mas o foco no momento não é esse. O que quero dizer é que poucos são os que tem coragem de encarar as mazelas. Nos dois últimos dias temos noticiado questões polêmicas. Uma delas com cunho popular. A outra, nem tanto… pelo contrário. Mas ambos são temas urgentes, necessários. O primeiro é a questão da concessão do transporte coletivo urbano, seus custos, e, principalmente, seus ganhos. Nenhum prefeito teve a coragem de bancar a transparência desse tema, ou para mencionar um jargão popular: abrir a “caixa preta”  da Pérola, concessionária do serviço. Na noite de ontem uma audiência pública chamada por movimentos sociais provocou o debate e a administração municipal entrou na parada. Se as planilhas apresentadas não supriram o clamor dos movimentos sociais, a Prefeitura mostrou o que tinha e o que herdou do prefeito Fernando Ribas Carli, que é réu de uma ação movida pelo Ministério Público, junto com a empresa e outros envolvidos, justamente na prorrogação da concessão.

O outro tema é a implantação de um centro sócio educativo para adolescentes infratores. Semelhante ao que já foi rejeitado por Carli e que foi implantado em Laranjeiras do Sul. O movimento contrário patrocinado pela oposição fecha os olhos para um problema que existe e que precisa ser trabalhado com urgência. Voltar as costas para a deliquencia infanto juvenil é cometer o  crime duas vezes. Guarapuava possui 200 processos envolvendo menores infratores em andamento, segundo dados do Ministério Público. Diariamente, noticiamos o envolvimento policial desse público por causa de drogas, furtos, homicídios, entre outros delitos. Por falta de um local especializado retornam às ruas para continuar cometendo as mesmas ou infrações piores. Deixar essas pessoas na invisibilidade dupla – por serem pobres e por serem criminosos –  é cômodo até que uma dessas pessoas contrárias ao educandário  sejam vítimas. E aí, o que vão dizer? Culpar a polícia? Culpar o sistema? Culpar a Presidente Dilma, o governador Beto Richa ou  quem mais convier?

Parto do princípio de que toda pessoa merece uma oportunidade. No caso, a reinserção social, a possibilidade de uma vida melhor. Missão difícil? Extremamente. Mas se trata de um problema social em que o poder público tem o dever de interferir. E é isso que está começando a acontecer na questão das drogas, da violência contra a mulher, do transporte público urbano, da deliquencia juvenil.

Está na hora mesmo de Guarapuava  ser destemida em todos os sentidos, a começar por aqueles enfrentamentos que nenhum prefeito até agora teve a coragem de fazer. Educandário para Guarapuava já!

Cristina Esteche

Jornalista

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