22/08/2023

Defesa pede a requalificação do dolo para homicídio culposo

Advogados pedem piedade ao Corpo de Jurados

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O ex-deputado Fernando Ribas Carli voltou a ficar emocionado durante o júri popular, que está decidindo se ele foi culpado pelas mortes dos jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida, na madrugada de 07 de maio de 2009. O choro aconteceu durante o pronunciamento dos advogados de defesa, Roberto Brzezinski e Alessandro Silvério. O advogado explorou a tese do dolo, contestando a acusação. Segundo o criminalista, o dolo não é só querer, também é conhecimento, ter meios de praticar o ato ilícito. “Não sou hipócrita, ele [Carli Filho] tem que ser condenado, mas não por homicídio doloso. No momento do acidente, ele colocou em risco a própria vida”, disse Silvério.

A estratégia da defesa é justamente essa: a requalificação de dolo eventual para homicídio culposo, por imprudência. “Se alguém beber e dirigir pode ser acusado de tentativa de homicídio?”, questionou Brzezinski. Para reforçar essa tese um vídeo foi exibido e mostrou uma promotora que dirigiu embriagada, provocou um acidente e não foi acionada judicialmente porque foi considerado um crime de trânsito comum. “Excesso de velocidade, consumo de bebida alcoólica, não é dolo, é culpa”, disse a defesa antes de citar decisão anterior do Tribunal de Justiça (TJ). Outra  contestação de Brzezinski  diz que a denúncia do MP não tem fundamento e que o promotor Marcelo Balzer errou na escolha do perito. “Fizeram de propósito. Se o perito vem e mente, ele sai preso daqui”, afirma referindo-se a Carli Filho. Ele argumentou também que uma agência de publicidade foi contratada para “mentir e enganar” a população, com a intenção de agravar o fato.

Para defender que, tanto Carli Filho quanto as vítimas tiveram culpa no acidente, imagens de testemunhas oculares dizem que Gilmar Rafael Yared avançou a preferencial. Brzezinski também exibiu uma animação simulando o acidente e questionou os jurados sobre qual carro deveria ter parado no cruzamento das ruas Paulo Gorski com a Ivo Zanlorenzi, local onde o fato aconteceu.

Segundo Christiane Yared, mãe de uma das vítimas, a defesa insiste nessa tecla porque essa desqualificação deixará que Carli Filho saia ileso do Tribunal. “Se cair para culposo o crime será de trânsito e já estará prescrito”, observa a deputada federal.

Após a atuação da defesa, o Tribunal do Júri entrou em recesso para almoço. No retorno, haverão as réplicas e tréplicas, se assim o juiz decidir. A previsão é que a sentença seja dada por voltas das 17 horas.

Foto da capa: Reprodução

Cristina Esteche

Jornalista

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