O deputado Artagão Júnior (PMDB) repercutiu o depoimento do médico Jean Ricardo Micareta, de Guarapuava, que os números da Policia Rodoviária Federal e das concessionárias em relação às mortes na BR 277 não revelam a realidade. O assunto foi abordado pelo deputado durante a CPI do Pedágio realizada nesta terça feira (11) na Assembleia Legislativa do Paraná logo após o diretor-presidente da concessionária Caminhos do Paraná, Ruy Sergio Giublin, ter dito que mesmo com o aumento do fluxo de veículos houve queda no número de mortes em acidentes.
+ Para médico guarapuavano, mortes nas rodovias são 50% superiores do que é divulgado
Com base na intervenção do médico Jean Micareta na sessão itinerante da CPI em Guarapuava, o deputado disse que muitas vítimas de acidentes chegam ao hospital com vida, mas acabam morrendo horas depois. Desta forma, não é contabilizado pelas concessionárias como óbito nas rodovias. “Acho que essa é a discussão mais importante de todas. Gostaríamos de um levantamento detalhado levando em conta o fluxo de veículos antes dos pedágios e agora, para fazermos, proporcionalmente, uma análise dos óbitos”. Giublin se comprometeu a entregar documentações contendo os números à CPI.
A Caminhos do Paraná é detentora do lote 4 do Anel do Integração, o que corresponde a 388 quilômetros de rodovias sob concessão. A praça de pedágio de Lapa foi incluída em 2003, como parte do acordo decorrente do segundo termo aditivo, em 2002. O deputado Artagão Júnior perguntou se a instalação da praça foi a principal compensação financeira da concessionária, devido ao desiquilíbrio financeiro alegado em função do ato unilateral do governo, em 1998, que diminuiu em 50% as tarifas. Giublin respondeu que não, e que as negociações com o Governo do Estado devem reequilibrar o contrato. Ainda segundo ele, a duplicação de Guarapuava ao Rio das Mortes, na BR-277, deve ficar pronta até o final do ano que vem. Ao todo, até o final da concessão, em 2021, estão previstos R$ 300 milhões em duplicações, garantiu Giublin.
Viapar
Também depôs o diretor-presidente da Viapar, Marcelo Stachow Machado da Silva, que contestou o relatório preliminar do Tribunal de Contas do Paraná (TCE), que levanta incertezas quanto a capacidade financeira da empresa em cumprir o cronograma de obras. “Temos assegurados R$ 614 milhões de empréstimo do BNDES, o que representa 50% dos investimentos previstos para os próximos cinco anos. Estamos preparando a nossa defesa sobre o relatório do TC, e vamos apresentar em breve”.
O deputado Artagão Júnior também questionou sobre a falta de transparência nas contratações das consultorias. “Se vocês já possuem expressivo número de colaboradores, um corpo técnico bastante qualificado, como vocês mesmo dizem, por que se faz tão necessária a contratação de consultoria?”. O representante da Viapar disse que o serviço só é contratado em determinadas obras, e que, após concluídas, volta-se ao quadro normal de funcionários, que hoje está em 1056 pessoas contratadas.
Foto: Deputado Artagão Junior