22/08/2023


Política

Deputados votaram a favor do desemprego”, diz Requião

Foz do Iguaçu – O governador Roberto Requião disse nesta quinta-feira (12), em Foz do Iguaçu, que a rejeição de proposta de emenda constitucional que vinculava incentivos fiscais a empresas à manutenção de empregos é “ uma vergonha para o Estado do Paraná”. “Os (deputados) omissos derrotaram o trabalhador do Paraná, votaram em favor do desemprego”, lamentou.
Sugerida pelo governador e apresentada por 29 deputados estaduais, a PEC foi recusada na Assembléia Legislativa na quarta-feira (11) por apenas um voto — era preciso que 33 parlamentares fossem favoráveis à medida. A proposta, elogiada por economistas, sindicalistas e líderes políticos de todo o País, caiu ante a força de deputados que defendem interesses de grandes empresas como as montadoras de automóveis instaladas no Paraná.
“É preciso dar o crédito aos 32 deputados que votaram (a favor da emenda), mas houve deputados que se recusaram a ir ao Plenário, abandonando a defesa dos trabalhadores”, lembrou o governador. É muito importante que, nas próximas eleições, a população observe o comportamento dos candidatos que pedem voto aos trabalhadores, mas que uma vez na Assembléia votam contra eles, contra a possibilidade de mudar a realidade do Estado”, criticou.

CRÍTICAS IMEDIATAS — Líderes sindicais paranaenses criticaram duramente a decisão da Assembléia logo após o fim da votação. “Vamos mostrar aos trabalhadores quem foi favorável aos trabalhadores e quem não foi”, falou Roni Anderson Barbosa, presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT).
“Lamento a falta de sensibilidade dos deputados que votaram contra a proposta. Eles deixaram os trabalhadores ainda mais inseguros justamente no momento em que o desemprego só aumenta”, disse o presidente estadual da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Juvenal Pedro Cim.
Faltou compreensão do momento econômico a alguns deputados estaduais paranaenses. Durante uma crise, em que vemos o aumento do desemprego, a proposta do governo traria estabilidade ao mercado do trabalho”, lamentou o economista Cid Cordeiro da Silva, coordenador regional do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos (Dieese).
“Países como França e Coreia do Sul aprovaram medidas de conteúdo semelhante, vinculando incentivos fiscais à manutenção de empregos, para minimizar os efeitos da crise econômica mundial.”, disse.

OAB APOIAVA — Há poucos dias, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), defendeu em Brasília que o governo exija que empresas que recebam recursos públicos se comprometam a manter empregos.
“Ao receber socorro estatal e contornar a ameaça de falência, não pode a empresa negligenciar seus deveres sociais, demitindo. O Estado existe em prol da coletividade que o sustenta. Para emprestar, o Estado precisa saber cobrar reciprocidade solidária”, argumentou Britto, em discurso na solenidade de posse da nova diretoria do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília.
A proposta de emenda constitucional derrubada quarta-feira pela Assembleia Legislativa recebera o apoio de líderes políticos como o ministro do Turismo, os senadores Pedro Simon e José Sarney, e os professores Carlos Lessa, Kiyoshi Harada, Nildo Ouriques, Darc Costa e Francisco Barone.

(AEN)

Cristina Esteche

Jornalista

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