22/08/2023
Agronegócio

Deral contabiliza novos prejuízos com geada desta terça na região

imagem-58262

A geada que atingiu os 12 municípios da região de Guarapuava entre a noite desta segunda (27) e a madrugada desta terça feira (28) está sendo considerada de moderada a forte e vai contribuir para o aumento nas perdas das culturas de inverno.  De acordo com o engenheiro agrônomo Artur Bittencourt Filho, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), os levantamentos ainda estão sendo realizados e a previsão é de que as perdas estejam calculadas em cerca de 10 dias. “A pastagem foi a cultura que mais foi afetada, e isso pode fazer com que o custo da produção aumente para os produtores. As pastagens já haviam sido afetadas nas geadas de julho e agora novamente sofrem esse impacto”.

Também foram atingidas as culturas de trigo, aveia hortaliças e fruticultura. “Esta geada é considerada tardia, ou seja, já fora de época. Mesmo assim, vai aumentar o índice de perdas na nossa região”, explicou Bittencourt.

GEADAS DE JULHO

O clima chuvoso em junho e as fortes geadas da segunda quinzena de julho prejudicaram principalmente as lavouras de trigo, café e a segunda safra do milho, no Paraná. Os prejuízos representam R$ 1,26 bilhão. O Deral apontou que a geada do fim de julho, considerada a mais rigorosa desde 2000, reduziu a produção em 33% da lavoura de trigo e 8% da segunda safra de milho. O maior estrago das geadas ocorreu na cultura do café, que teve comprometido cerca de 62% das lavouras para a safra de 2014.

Outro fator que também influenciou parcialmente esses números foi a seca durante em abril e maio na região Norte do Paraná, que também acabou afetando e retardando em parte a produtividades das plantações.

Os agricultores paranaenses esperavam colher mais de 38,3 milhões de toneladas de grãos, somadas as três safras – de verão, outono/inverno e de inverno. Na avaliação do Deral com as geadas esse valor deve ficar entorno de 36,3 milhões de toneladas.

TRIGO

O trigo paranaense encontrava-se praticamente com a totalidade da safra plantada até 22 de julho. Da área, 47% da plantação estava germinando ou em desenvolvimento vegetativo, fases não suscetíveis a geadas. O prejuízo aos produtores, considerando os preços de mercado, está estimado em R$ 728,8 milhões.

Pelos números levantados pelos técnicos do Deral, estima-se que 954 mil toneladas de trigo serão perdidas principalmente em função das geadas. Também a seca ocorrida em maio, e as doenças ocasionadas pelo excesso de chuva em junho, prejudicaram parte da cultura. Com isso, a produção paranaense de trigo terá redução de 33% em relação à previsão de 1,94 milhão de toneladas.

As principais perdas da cultura do trigo estão concentradas nas regiões de Cascavel, Campo Mourão, Ivaiporã e Apucarana. Essas áreas somadas representam 60% do total atingido. Tais perdas restringiram a disponibilidade interna esperada pelos compradores para agosto, afetando os preços. Além da oferta restrita, a alta do dólar também contribuiu para o encarecimento do custo de produção de farinha nos moinhos, que atualmente tem buscado matéria-prima, principalmente, no mercado norte-americano.

MILHO

Diferente do trigo, os danos causados na lavoura de milho pela geada de julho foram menos significativos. A maior parte das plantações de milho estava na fase de maturação, e apenas 25% das lavouras no campo, cerca de 388 mil hectares, na etapa mais suscetível ao efeito das baixas temperaturas. O agricultor que optou em plantar o milho mais tarde foi mais afetado, com parte do potencial produtivo da lavoura comprometido principalmente na região Norte do Estado.

Na avaliação do Deral estima-se que 960 mil toneladas da segunda safra 2012/2013 de milho serão perdidas em função das variações climáticas, deixando prejuízo estimado de R$ 278 milhões aos agricultores. Isso inclui as geadas, a estiagem e as doenças ocasionadas pelo excesso de chuvas em junho. Com isso a produção paranaense do milho safrinha, atualmente estimada em 10,6 milhões de toneladas, teve perda de 8% em relação ao potencial produtivo que era de 11,6 milhões de toneladas.

As regiões mais atingidas na cultura do milho ocorreram em Londrina, Jacarezinho e Cornélio Procópio, com mais de 20% de redução em relação a produção inicialmente estimada. As três regiões respondem por 24% da área semeada no Estado. Ainda segundo o levantamento dos técnicos do Deral o que mais preocupa os agricultores paranaenses é a baixa qualidade do produto colhido, principalmente no Oeste do Paraná.

As chuvas ocorridas no mês de junho comprometeram a qualidade nas regiões de plantio mais precoce, contribuindo para aumento de doenças foliares em áreas de plantio mais tardio. Apesar da redução prevista, a produção de milho segunda safra continua sendo a maior da história do Estado.
 

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo