Da Redação
Guarapuava – O desespero de uma mãe ao ver o filho agonizar num leito de UTI provocou um desafabo público. Vera Bembem atribui a atual condição de saúde do filho Tadeu, de 32 anos de idade, à interrupção do tratamento de saúde após o indeferimento de uma liminar que obrigava a Fundação Copel a bancar o tratamento.
Tadeu sofre de esquizofrenia paranóica e precisa tomar 23 medicamentos por dia. Há medicamento que custa R$ 500. Sem os remédios e sem a assistência de enfermeiros, que eram pagos pelo convênio da Fundação, Tadeu, que há cerca de cinco anos recebia atendimento domiciliar, deixou de estudar, de sair de casa, de tocar violão e entrou em depressão. “Ele não queria mais comer. E dos 85 quilos que tinha agora está com 37 quilos”.
As crises que o tornam violento e que provocaram o seu internamento durante sete anos na ala psiquiátrica do Hospital Santa Tereza, se tornaram constantes e as idas e vindas em unidades de emergência passaram a ser frequentes. “Os médicos não queriam mais atender o meu filho porque era caso de psquiatria, mas o prefeito Cesar Filho determinou o atendimento” . Debilitado, Tadeu contraiu pneumonia dupla e está na UTI do Hospital Santa Tereza. “Eu não sei mais o que fazer. Cada vez que entro na UTI, vejo meu filho morrendo aos poucos e preciso gritar ao mundo a minha dor”. Segundo Vera, Tadeu está paralisado, não fala, não abre os olhos e só se alimenta por sonda. “Os médicos dizem que ele ouve. Então eu e meu filho mais novo vamos lá, conversamos com ele, mas a resposta é só um piscar de olhos”.
A revolta de Vera Bebem é o valor que ela atribui à vida do filho. “Por causa de R$ 300 mil, a Fundação Copel está matando o meu filho. Já estão descontando R$ 1,8 mil por mês do meu marido e agora queriam que pagasse R$ 180 mil até o dia 05 de maio. De onde vamos tirar esse dinheiro? Se tivesse condições teria pago a assistência do meu filho” .
Segundo Vera, o estado de Tadeu é “muito grave” . Ela disse que médicos dão a entender que o quadro é complicado. “Eles [os médicos] já disseram pra gente ir se preparando. E na segunda feira vivi o pior dia da minha vida: fui comprar um terreno no Cemitério Parque dos Eucaliptos”, desabou entre lágrimas. A RedeSul de Notícias tentou contato com o médico responsável pelo atendimento de Tadeu, mas sem retorno.
RELEMBRE O CASO
Sandersen Bemben, pai de Tadeu é funcionário aposentado da Copel, e por ser doente, foi “encostado” e deixou de pagar a co-participação no plano de saúde. Vera, porém, diz que no holerite do esposo há descontos mensais de mais de R$ 1 mil, que ela atribui à contrapartida.
Há cerca de 90 dias, com o indeferimento judicial de liminar, o plano foi suspenso e a equipe de sete enfermeiros que se revezava noite e dia teve que ser dispensada. A família também não teve condições de comprar os 23 medicamentos necessários para o tratamento diário de Tadeu. Sem os remédios, Tadeu tinha crises e precisava ficar amarrado à cama.
De acordo com a Assessoria de Imprensa da Fundação Copel, “a responsabilidade do senhor Tadeu Bembem é única e exclusiva dos seus responsáveis legais”.