22/08/2023


Geral Guarapuava

Determinação do MP inviabiliza projeto de bordados

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Da Redação

Guarapuava – Uma determinação do Ministério Público de Guarapuava provocou o desmonte de um dos projetos de geração de renda mais tradicionais da cidade. Quarenta e cinco bordadeiras que integram o projeto de bordado coordenado pelo Provopar Municipal há mais de nove anos foram dispensadas pela entidade e, com isso, perdem cerca de R$ 500 por mês. De acordo com a coordenadora do Programa, Taís Uliana, as cinco profissionais que davam sustentação ao projeto tiveram que ser remanejadas às funções e secretarias de origem. “São costureiras, instrutora de bordado, engomadeira e professora de tear que estão lotadas em creches e outros departamentos da Educação e da Assistência Social, mas que atuavam no Provopar”. Foi para conter desvios de funções que o MP determinou o retorno das servidoras. “Cortaram o coração do programa”, observa Taís. "Eram elas que faziam a base do trabalho para que as bordadeiras chegassem, vindas dos mais diversos bairros  da cidade e, durante as tardes, fizessem o trabalho manual."

“Esse projeto era a nossa paixão. Aqui uma aprende e ajuda a outra”, diz Terezinha de Jesus da Silva, 48 anos, e que está no projeto desde o início. “De repente ficamos sem chão”, diz. “Tudo o que sabemos aprendemos aqui e só fomos aperfeiçoando. Por isso é que saem essas maravilhas”, afirma Maria Francisca Ramos, 63 anos. “Estamos perdendo noites de sono com essa notícia”.

Roseli Pires, 52 anos, é remanescente do programa Artelã, onde aprendeu a trabalhar com tear. “E agora, fazer o que?” ,limita-se a dizer.

Eram essas profissionais que davam sustentação às bordadeiras. Sem elas não conseguimos dar continuidade ao projeto”, observa Taís Uliana.

Muito mais do que o resgate e a preservação de bordados à mão, como o crivo, por exemplo, o projeto promovia a interação social das participantes. “Era aqui que elas conversavam, desabafavam, aprendiam e tiravam o complemento da renda familiar”, diz a coordenadora do Provopar. “Uma pagou o tratamento dentário do filho, outra ajudou a fazer o enxoval da filha e assim foram saindo da depressão, levantando a autoestima, se sentido úteis. Elas saíram daqui chorando, sem rumo” . O último dia do projeto foi na sexta feira (06), prazo final concedido pelo MP.

As peças produzidas pelas bordadeiras encantam enxovais de recém nascidos, enxovais de noivas, casas de alto padrão em Curitiba e já foram produtos de exportação. A renda era revertida para a compra de materiais e para o pagamento das bordadeiras.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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