* Da Redação
O dia 10 de setembro é a data escolhida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o Dia de Prevenção ao Suicídio. A Secretaria de Estado da Saúde também aderiu à campanha de conscientização ‘Falar é a Melhor Solução’ com o objetivo de educar, derrubar os tabus e compartilhar informações sobre o assunto.
O chefe do Departamento de Atenção às Condições Crônicas da Secretaria da Saúde, Juliano Gevaerd, afirma que é possível prevenir o suicídio com profissionais de saúde aptos a falar sobre o tema e reconhecer fatores de risco. “Queremos preparar tecnicamente diversos profissionais de saúde para que possam avaliar, investigar e abordar o assunto de forma adequada e, dessa maneira, auxiliar na redução das taxas de suicídio no Paraná”, explica.
VÍNCULO
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina, a principal orientação para descobrir se a pessoa tem pensamentos suicidas é conversar sobre o assunto. Ao contrário do que muitos pensam, falar sobre suicídio não irá estimular a realização da ação, mas sim estabelecer um vínculo e abordar o tema gradualmente, fazendo com que a pessoa se sinta compreendida, além de aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.
O apoio emocional e o foco nos aspectos positivos da vida, com a lembrança de problemas anteriores que foram resolvidos, são formas de motivação e auxílio à pessoa em risco. Se não houver melhoras com ações como essa, é importante o encaminhamento a um profissional de saúde mental.
MULTIPROFISSIONAL
A Rede de Saúde Mental, lançada pelo Governo do Paraná em 2014, oferece atendimento multiprofissional gratuito para casos de transtornos mentais e decorrentes do uso de álcool e outras drogas em qualquer Unidade de Saúde e Pronto Atendimento 24h, em um dos 53 Ambulatórios de Atenção Especializada em Saúde Mental e um dos 116 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) por todo o Paraná.
RISCO
Os principais fatores de risco são transtornos mentais e histórico de tentativas de suicídio. Psiquiatras alertam que é importante ficar atento a familiares ou amigos com comportamento retraído e dificuldade de sociabilização, doença psiquiátrica, alcoolismo, ansiedade, mudança de personalidade, histórico familiar de suicídio, mudança de hábito alimentar ou de sono, tentativa de suicídio anterior, perda recente importante, doença física crônica, menções repetidas sobre morte, sentimentos de solidão, entre outros.
Dependentes do álcool também fazem parte do público de risco, pois aumenta a impulsividade e, consequentemente, a possibilidade de atentar contra a própria vida. Transtornos de personalidade e bipolaridade também são distúrbios com altas taxas de suicídio.
É elevado o número de suicídio entre os idosos, principalmente devido a fatores como perda de parentes, sobretudo do cônjuge, solidão, existência de enfermidades degenerativas e dolorosas, sensação de estar dando muito trabalho à família e ser um problema para os outros.
DADOS
No Brasil, entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes por suicídio, sendo observado um aumento de mais de 30% em jovens. Especificamente entre eles, os principais fatores de risco incluem humor depressivo, abuso de drogas lícitas e ilícitas, problemas emocionais, familiares e sociais, história familiar de transtorno psiquiátrico, rejeição familiar, negligência e abuso físico e sexual na infância.
Dados do Paraná mostram que as lesões autoprovocadas estão entre as cinco primeiras causas de mortalidade. Foram 617 mortes autoprovocadas no Estado em 2014. Os meios mais utilizados foram enforcamento, envenenamento e lesões por arma de fogo. Entretanto, estes números podem ser ainda maiores, pois muitas mortes por suicídio não são notificadas.