Pinhão A agricultora Maria do Belém Kruguer (foto), nasceu e viveu durante toda a sua vida no campo, numa pequena propriedade em Faxinal dos Silvérios.
Foi casada por 20 anos com Lorival Tomacheski Kruguer e teve cinco filhos, um deles já falecido. Ficou viúva aos 33 anos e criou os quatros filhos com a ajuda de seu irmão Luiz. Sem nunca ter casado novamente, hoje aos 57 anos, ela é avó de seis netos, e ainda vive no mesmo local, onde divide a casa com o irmão e a família da filha Salete.
Maria lembra com tristeza da vida que levou. Antigamente a vida era muito dura. Ela conta que costumava levantar às 5 horas da manhã e trabalhava o dia todo na lavoura. Tinha que levantar cedo, arrumar as crianças para ir a escola, e depois ia pra roça. Os menores iam comigo, ficavam dentro de um balaio, disse.
Ela relembra também das dificuldades que passou para proteger seu pedaço de chão. Nós somos posseiros, e teve uma época que o pessoal do Zattar queria tirar a gente daqui. Eles vinham e diziam que tinha que ir embora. Mas eu não tinha pra onde ir e acabava ficando. Segundo ela, certa vez a sua casa foi alvejada por tiros. Sorte que ninguém ficou ferido.
Para Maria, ser mulher no mundo atual é bem melhor, ela que teve quatro filhos em casa, não sente saudades daquele tempo. Ganhei meus filhos em casa, não tinha pré-natal, nem escola, tudo era muito difícil.
Para estudar, Maria conta que andava quilômetros a pé. Não tínhamos nem um chinelino, andávamos descalço, e o pior era no inverno, que a gente andava pisando no gelo, lembra.
Depois de uma vida árdua, atualmente Maria se dá o privilégio de curtir a tranquilidade da vida no campo. Ela levanta por volta das 8h30, alimenta as galinhas que cria na propriedade e depois vai tomar seu chimarrão e o café da manhã. Ajuda a filha a fazer o almoço e a cuidar do netinho de três anos.
A noite gosta de assistir as novelas numa televisão a bateria, já que ainda não há energia elétrica na propriedade. Acostumada a vida pacata, Maria quase nunca sai de casa. Vou uma vez por mês para o Pinhão, e às vezes vou na igreja, disse.
Apesar da vida sofrida que teve, Maria gosta de ser mulher. A vida da mulher é mais sossegada, uma mulher é tudo dentro da casa. A mulher é forte e consegue fazer muita coisa.
Maria nunca deixou de ser uma mulher que luta para ter uma vida digna, procura estar sempre bem informada e busca melhorar a sua propriedade. Meus planos para o futuro, são melhorar a nossa propriedade. Quero construir uma mangueira para lidar com o gado e fazer uma granja de galinha, disse ela.
Mesmo com todas as dificuldades da vida no campo, Maria nunca pensou em morar na cidade. Meus irmãos já me convidaram para ir morar na cidade, mas eu gosto muito daqui, e não pretende me mudar.
Quanto ao Dia Internacional da Mulher, Maria é dá a sua opinião. A mulher hoje em dia é valorizada, e esse dia é bem merecido. Já conquistamos muitos direitos, eu me lembro da primeira vez que fui votar. É importante que a mulher possa exercer sua cidadania, disse ela.
Fonte:Fatos do Iguaçu
Cotidiano
Dia Internacional da Mulher – A árdua e tranqüila vida da mulher do campo
- Por Cristina Esteche
- 08/03/2009