22/08/2023
Economia

Diferença salarial entre homens e mulheres é de 19,63% na mesma função

Pesquisa é do Departamento de Economia da Unicentro

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Quando se trata da economia a participação da mulher também possui um papel fundamental. Afinal são elas advogadas, professoras, empresárias, policiais, jornalista, dentista, publicitárias, domésticas, profissionais da construção civil, motoristas, entre tantas outras áreas de atuação.

Nesse universo, porém, a discriminação e o preconceito são os mesmos existentes em outros municípios brasileiros, ou seja, apenas mudam de endereço. Para se ter uma ideia, em Guarapuava a diferença salarial em homens e mulheres é em média de 19,63%. Os setores que apresentam as maiores diferenças salariais de gênero em Guarapuava são a administração pública (-34,05%), o Comércio (-29,04) e a indústria de transformação (-23,57%).

Esse é apenas um dos pontos levantados durante pesquisa elaborada pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro),

De acordo com a professora e doutora do Departamento, Luci Nychai, as mulheres representam 50,77% da população de Guarapuava e os homens 40,23%.  Contudo, força de trabalho feminina constitui 41,37% dos empregos formais.

De acordo com a economista, a maior participação da mulher na força de trabalho formal do município está na faixa etária dos 25 aos 49 anos. “Entretanto, a idade não é empecilho para ocupação das vagas formais de trabalho para a mulher guarapuavana. Mulheres acima de 50 anos ocupam 38,17% das vagas ofertadas no mercado formal de trabalho”.

Tabela 1: Ocupação das vagas de trabalho formal da mulher guarapuavana

Faixa Etária Masculino Feminino Total Part % da mulher Total (%)
2 – 15 a 17 anos 242 97 339 28,61% 100
3 – 18 a 24 anos 4.359 2.746 7.105 38,65% 100
4 – 25 a 29 anos 3.754 2.753 6.507 42,31% 100
5 – 30 a 39 anos 6.970 5.123 12.093 42,36% 100
6 – 40 a 49 anos 5.168 4.105 9.273 44,27% 100
7 – 50 a 64 anos 3.818 2.438 6.256 38,97% 100
8 – Acima de 65 anos 278 91 369 24,66% 100
Total 24.589 17.353 41.942

Fonte: DECON/UNICENTRO conforme dados da RAIS (2017).

Apesar, da participação relativa da mulher na força de trabalho formal ser menor que a dos homens, em alguns setores a mulher ocupa a maioria das vagas como, por exemplo, na docência com 97,26% da força de trabalho formal é preenchida por mulheres, principalmente na educação básica, fundamental e média. Nos escritórios em geral e no comércio as mulheres também ocupam mais da metade das vagas.

 

A economista observa que mesmo nos dias atuais, com maior empoderamento da mulher na economia e na sociedade, o mercado de trabalho está pagando, em média, 25% menos para as mulheres do que para os homens, no exercício das mesmas funções. Enquanto o rendimento médio das mulheres é de R$ 1.764,00 a dos homens é de R$ 2.306,00 para a mesma função.

Em Guarapuava a diferença salarial em homens e mulheres é em média de 19,63%. Enquanto a média dos rendimentos do trabalho masculino é de R$ 2.723,04 a do trabalho feminino guarapuavano é de R$ 2.188,47.  Os setores que apresentam as maiores diferenças salariais de gênero em Guarapuava são a administração pública (-34,05%), o comércio (-29,04) e a indústria de transformação (-23,57%).

 

Em Guarapuava, a força de trabalho feminina apresenta um maior nível de empregabilidade, principalmente em momentos de crise. Entre 2015 e 2016, enquanto o emprego formal masculino de Guarapuava perdeu 1232 vagas, no caso das mulheres, o saldo – entre desligamentos e admissões femininas – foi positivo na ordem de 526 vagas, principalmente no setor da indústria, da administração pública e da agropecuária.

Esse evento tem uma justificativa paradoxal. Se, por um lado, a força de trabalho feminina é mais qualificada em termos de escolaridade e apresenta maior produtividade, de outro lado o valor da sua remuneração é baixo. E em momentos de crise, os agentes econômicos tendem a cortar custos, optando pela mão de obra feminina. Infelizmente, a realidade mostra que as mulheres tem um longo caminho a percorrer na conquista do respeito e do tratamento justo, tanto no aspecto social quanto econômico.

Cristina Esteche

Jornalista

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