22/08/2023


Brasil Economia

“Dinheiro perdeu valor com más decisões do Governo”, diz economista

O economista Felipe Druciaki ainda disse que, reajuste de R$ 22 proposto no salário mínimo não supre a alta no custo de vida dos brasileiros

dinheiro

Conforme o economista Felipe Polzin Druciaki, nada muda no poder de compra da população (Foto: Reprodução/ Pixabay)

Todos os anos o salário mínimo é reajustado no Brasil. Com a alta na inflação, o projeto da lei orçamentária de 2022, prevê salário mínimo de R$ 1.169. Ou seja, R$ 22 a mais do que o valor atual de R$ 1.147. Para o próximo ano a projeção é de uma alta de 6,2%.

A Constituição determina a manutenção do poder de compra do salário mínimo. Tradicionalmente, a equipe econômica usa o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano corrente para corrigir o salário mínimo do orçamento seguinte.

Contudo, essa alteração no salário não tem um aumento real no poder de compra da população. De acordo com o economista Felipe Polzin Druciaki, do departamento de Economia da Unicentro o reajuste apenas acompanha a inflação.

E o que é essa inflação que todo mundo fala? É o aumento generalizado dos preços por longo período de tempo. Então você pode perceber que a carne, o gás, a gasolina, a energia elétrica, a cesta de produtos digamos assim, que são os produtos básicos, eles estão mais caros atualmente. E quanto mais caro eles vão ficando, mais as pessoas precisam de dinheiro para poder comprar os mesmos produtos de antes. 

Conforme Felipe, esse ‘aumento’ deveria ser substituído por reposição salarial, já que não têm um impacto real no dia a dia de compras das pessoas. “Então esse aumento no salário mínimo, ele não será um aumento real no poder de compra dos consumidores, na verdade essa palavra aumento poderia ser substituída por reposição salarial”.

AUMENTO REAL?

Porém, de 2007 a 2019, a lei garantia que o piso nacional tivesse aumento real, acima da inflação. Essa fórmula de cálculo considerava a inflação do ano anterior, medida pelo INPC, mais o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes. Entretanto, a lei foi revogada pelo Governo Federal que decidiu apenas repor as perdas. Assim, o ano de 2022 não é o único que teve apenas o reajuste no salário acompanhando apenas a inflação. Desde 2020, o Brasil não tem um aumento real de compra no salário.

Segundo Felipe, isso ocorre pela desvalorização que o real sofreu, principalmente durante o último ano. “Nosso dinheiro perdeu o valor ao longo desse último ano, devido a más decisões do governo atual, ineficientes, além das dificuldades de condução no país em todas as áreas, somadas a covid-19. Então tudo isso fez o preço das coisas em média aumentarem, e as pessoas precisam de mais dinheiro para comprar”.

Além disso, esse reajuste não consegue acompanhar a alta nos preços. “Se nós pegarmos o aumento do preço do gás, o preço do combustível, o preço da energia foi um aumento muito superior a esse aumento do salário mínimo. Então, no final das contas, esse aumento de salário mínimo de reposição, não suporta”.

POR QUE NÃO AUMENTA MAIS?

Para Felipe, pela perspectiva da economia, existe um embate, de lado estão os trabalhadores assalariados e do outro os empresários que tem os custos do empregado. “Duas formas da gente identificar essas situações no cenário do salário mínimo. Como trabalhador quanto maior o salário mínimo, melhor. E como o empresário quanto menor o salário mínimo melhor, porque o custo dele vai ser menor”.

Conforme a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo deveria subir para R$ 5.351,11 em maio de 2021.

Todavia, essa realidade está distante da população. E o motivo é um só: o custo que as empresas teriam para manter os funcionários trabalhando. “Se o salário mínimo aumenta muito, fica muito caro para as empresas contratarem a mão de obra. E quando isso acontece elas deixam de contratar ou contratam menos funcionários, e isso é ainda mais prejudicial”. 

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Cristina Esteche

Jornalista

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