22/08/2023
Segurança

Disciplina muda rotina na Cadeia de Guarapuava, dizem agentes

Por Cristina Esteche

Foto: Altevir Nascimento e José Roberto Chagas

A implantação de medidas disciplinares na Cadeia Pública de Guarapuava muda o comportamento na carceragem e reduz os impactos negativos gerados pela superlotação. Se a cadeia possui capacidade para 166 pessoas, abriga hoje, quinta (15), 289 presos, número que oscila diariamente conforme entradas e saídas. “A média gira entre 270 e 300 presos”, diz o chefe de cadeia pública, Altevir Nascimento.

Duas galerias abrigam 13 celas de cada lado

Com situação precária nas celas onde se amontoam uma média de oito presos num espaço projetado para quatro, desde que assumiu a responsabilidade pela carceragem em janeiro de 2013, a nova equipe da Secretaria de Justiça (Seju), composta por 42 agentes de cadeia contratados pelo período de dois anos e os dois agentes carcerários efetivos, fazem o que podem para manter a ordem. Responsável por Guarapuava, Pitanga, Ivaiporã, Palmas, Francisco Beltrão e Pato Branco, municípios que compõem a 3ª Região, a carceragem trabalha em regime de plantão de 12h por 36h, com 12 agentes durante o dia e outro oito no período noturno. “A nossa atribuição é a custódia do preso, ou seja, a liberação para o solário nas terças e quintas e nos sábados quando acontecem as visitas; liberação para advogados e atendimento médico odontológico; entradas e saídas de presos; atendimentos internos”, lista Nascimento. A escolta de presos ao Fórum e outros locais externos é feita pela Polícia Militar.

Para os agentes de cadeia o caráter é o fator determinante na profissão

Para garantir a segurança nos dias em que os presos são liberados para os banhos de sol e para visitas a única guarita existente é ocupada por apenas um policial militar, porém, 12 agentes de cadeia fazem a ronda.

De acordo com Nascimento, também cabe aos agentes a inspeção de sacolas, comidas e outros produtos que são entregues por familiares previamente cadastrados.  A “revista” íntima em mulheres é realizada por agentes femininas.  

Para “passar” drogas e, principalmente, aparelhos celulares, familiares colocam em risco a própria saúde. “As partes íntimas das mulheres escondem drogas e celulares. Muitas vezes, não é possível detectar, embora exista uma cadeira que acusa a presença de metal, nem sempre isso é possível. Quando acusa a gente pede que a pessoa entregue ou vá para casa. Também Já encontramos droga dentro de um pimentão”, diz o agente carcerário José Roberto Chagas.

As visitas são monitoradas. Somente parentes de primeiro grau tem acesso a credenciais que permitem a entrada na cadeia. A entrega de sacolas com alimentos também é disciplinada. “Seguimos uma orientação do Depen [Departamento Penitenciário] onde quinzenalmente é entregue uma lista do que é permitido levar. Proibimos a entrada de frutas, por exemplo, porque os presos estavam fermentando e fazendo bebida alcoólica artesanal,  conhecida como choca ou maria louca”, diz Chagas.

Sempre atentos os agentes garantem a disciplina na cadeia pública

Para prevenir possíveis fugas as operações “bate grade” e “bate teto” são realizadas sistematicamente. "Revistamos a estrutura das celas diariamente”, aponta Nascimento.

Com um salário de cerca de R$ 2 mil mensais, os agentes de cadeia se empenham para cumprir a missão que lhe foi atribuída. “Queremos deixar bem claro que não é o salário o fator que determina o comportamento policial, mas sim o caráter e a honestidade”, observa Nascimento. De acordo com o chefe de cadeia, por  não trabalharem armados por determinação da Seju, como forma de garantir a segurança, quando acontece algo inesperado é solicitado, inicialmente, o apoio da Polícia Civil  até a chegada da Polícia Militar. “Não suamos armas porque estamos em contato direto com os presos e o uso poderia armá-los. Mas temos uma gestão compartilhada com a Polícia Civil que trabalha armada”, esclarece o chefe de cadeia. 

Cristina Esteche

Jornalista

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