22/08/2023
Cotidiano

Diversidade é a marca da agricultura familiar

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Guarapuava – Mario Maquch (foto) é um dos produtores que engrossa a lista da agricultura familiar no município. Na sua propriedade de um alqueire, localizada no Jordão, produz alimentos, cria animais e vende lenha. A aposta na diversidade é a única forma de não faltar o dinheiro no final do mês.
Na sua produção de verduras, toda a adubação é feita com o esterco produzido pelos animais. Não há a utilização de venenos.“Eu planto mandioca, batata, alface, rúcula, beterraba, couve, crio meus porquinhos, me viro como posso. Não ganhamos muito, mas dá para sobreviver, fome não passamos”, diz.
Dois dias por semana ele pega a carroça, enche com as verduras, e sai vender nas casas. “Para os mercados não vale a pena vender, pagam muito pouco. Por isso vendo por conta própria, saio cedo e quando são 11 horas a carroça já está vazia”, comenta.
Quanto aos programas de ajuda governamentais, Maquch acha que ainda faltam mais políticas de incentivo ao pequeno produtor. “Não está bom, o governo não dá muito apoio e o prazo de pagamento é pequeno”, aponta.
Apesar dos programas oferecerem juros mais baixos para a compra de equipamentos, sementes, para muitos agricultores ainda falta um política mais ampla, com mais segurança.
Na última quarta-feira (22), o governo federal lançou o Plano Safra com R$ 15 bilhões para financiar o custeio e o investimento da agricultura familiar, que é responsável pela produção de 70% dos alimentos produzidos no país.
Segundo o governo, 4,1 milhões de pequenas propriedades rurais serão beneficiadas em todo país pelas linhas de crédito disponibilizadas. Em Guarapuava, de acordo com dados da Emater, existem 2.600 pequenas propriedades.
Para custeio, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) ampliou sua capacidade de financiamento por agricultor de R$ 30 mil para R$ 40 mil. O governo federal também aumentou a capacidade de endividamento por meio do microcrédito rural. Agora, os empréstimos por essa modalidade podem chegar a R$ 2 mil.
As linhas de financiamento para as mulheres agricultoras também foram ampliadas. Os pequenos agricultores que tiverem projetos agroflorestais passam a ter linhas de financiamento de até R$ 14 mil. Antes, o limite era de R$ 10 mil. Esta mudança veio atender os produtores das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
O Pronaf passa a financiar na próxima safra veículos utilitários como caminhões frigoríficos, caminhonetes de carga, reboques, motocicletas adaptadas para o meio rural entre outros.
As cooperativas de agricultores familiares também tiveram seu limite de captação reajustado para R$ 20 milhões na próxima safra. Antes, o limite era de R$ 5 milhões. Os produtores que integram essas cooperativas poderão fazer financiamentos individuais de até R$ 10 mil.

Mais Alimentos
O programa Mais Alimentos, que financia projetos de até R$ 100 mil, foi ampliado para diversas culturas e agora atende os apicultores, aquicultores, avicultores, bovinocultores de corte e de leite, caprinocultores, fruticultores, ovinocultores, suinocultores, e os produtores de açafrão, arroz, café, centeio, feijão, mandioca, milho, sorgo e trigo.
A linha de financiamento do Mais Alimentos cobra 2% de juros ao ano, tem carência para a primeira parcela de até três anos e prazo de pagamento de até dez anos.
Segundo o governo, até junho desse ano foram vendidos cerca de 12,9 mil tratores com essa linha de financiamento.

Cristina Esteche

Jornalista

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