Doar vida e amor: familiares de doares de órgãos são homenageados em Guarapuava

Cinco famílias guarapuavanas participaram da iniciativa (Foto: Nádia Moccelin/RSN)

Ir além da própria dor e possibilitar vida à outras pessoas. Permitir esperança, continuidade de sonhos, multiplicação de amor. É assim que tantas famílias guarapuavanas enxergaram o momento difícil da perda de seus entes queridos: como uma oportunidade de continuar a vida. Na tarde dessa quinta feira (27), cinco delas foram homenageadas e, novamente, exaltadas pela equipe do Hospital São Vicente, de Guarapuava, pelo ato de amor.

A inciativa foi da equipe do Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), que desde 2013, trabalha na captação de órgãos no terceiro planalto e, neste ano, decidiu prestar homenagem as famílias que possibilitaram tantas transformações de vida a partir da decisão de doar.

“Sempre realizamos eventos no dia da doação de órgãos, mas internos, só com os funcionários. Este ano resolvemos abrir, para uma troca de experiência, tanto para nós, como funcionários da área, quanto para as famílias”, destacou Fabiano Dezordi, enfermeiro que integra a equipe do CIHDOTT juntamente com outros cinco profissionais.

Na ocasião, os familiares de cinco doadores guarapuavanos em 2017 foram homenageados pela entidade e pela equipe de trabalho do São Vicente. No ano passado, o setor contabilizou 16 doações de órgãos e 152 doações de córneas e tecidos, que foram encaminhados para Curitiba. Já neste ano, até o mês de setembro, o CIHDOTT realizou a captação de 140 córneas e tecidos e, também, a captação de órgãos resultantes de 20 mortes encefálicas.

AMOR AO PRÓXIMO

Emoção marcou a homenagem com familiares e profissionais da equipe (Foto: Nádia Moccelin/RSN)

Os números guarapuavanos contribuem para um cenário otimista a nível estadual e nacional de doação. Em 2018, o Paraná alcançou a marca de Estado com maior número de doadores efetivos. Segundo dados do Sistema Estadual de Transplantes (SET) da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), são 50,6 doadores por milhão de habitantes. À nível nacional, o país também vive um momento importante. Com o melhor cenário de doação em 20 anos, os registros de transplantes subiram de 25 mil em 2016 para 27 mil no ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

A perspectiva otimista de crescimento e expansão na doação de órgãos se deve a histórias como a da família de Meriély Karine Ribeiro de Souza, de 32 anos, que ouvia de seu pai, ainda em vida, a manifestação pessoal de ser doador. Quando ele, aos 53 anos, foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), Meriély e sua mãe não tiveram dúvidas sobre a doação.

“Esse era um desejo do coração dele, sempre teve essa vontade. Ele era policial, sempre foi de servir. Por isso, quando doamos, a única coisa que pedimos é que Deus abençoasse e que não desse rejeição em ninguém. Que a vida continuasse”, declarou a filha.

Famílias foram homenageadas pela equipe do Hospital São Vicente (Foto: Nádia Moccelin/RSN)

Na homenagem do Hospital São Vicente, além de Meriély e sua mãe, estavam também, seus outros dois irmãos que, juntos, relembraram a vida e história de seu pai, em uma tarde de muita emoção.

A gente já veio emocionado porque toca o coração da gente. Viemos para lembrar dele, juntos. Temos uma irmã mais nova, de sete anos que não nos acompanhou por ainda ser muito recente. Mas, toda nossa família agora sabe, vê, como é importante a atitude de doar. Por isso nós chamamos a atenção de todos que possam doar para que também se solidarizem. A doação é a forma mais pura de amar o próximo como a ti mesmo, é um símbolo de vida.