22/08/2023
Cotidiano

Domingo de Ramos abre a Semana Santa

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Catedral e paróquias realizam celebrações com a bênção dos ramo

Se para algumas pessoas a Páscoa é apenas mais um feriado no calendário, para outras é uma oportunidade para vivenciar a religiosidade. Neste dia 05 de abril, Domingo de Ramos, comemora-se a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém para ser recebido pelo povo como Messias e Salvador, de acordo com a anunciação feita pelo profeta Isaías no Antigo Testamento.
O Domingo de Ramos fecha o tempo quaresmal, período de jejum, penitência e caridade, e abre a Semana Santa, na qual Jesus foi crucificado. Jesus entra em Jerusalém poucos dias antes de ser julgado, condenado e crucificado.
Segundo o padre da Paróquia Divino Espírito Santo, Giovani Pazuch, na antiguidade os grandes reis eram recebidos por seus súditos com tapetes, cerimônias e festas. Também o povo de Israel esperava que Jesus viesse com uma grande corte e tomasse o poder dos romanos que oprimiam o povo. “No entanto, Jesus entra em Jerusalém em cima de um jumentinho e é recebido com ramos de palmeiras. Muitos também estenderam seus próprios mantos pelo caminho como forma de homenagear a Jesus”, observa o pároco, explicando que esse é o motivo para que este domingo seja chamado de o “Domingo de Ramos”.
“Jesus entra em Jerusalém em cima de um jumentinho para mostrar que ele não era o messias poderoso e violento que todos esperavam, o qual tomaria o poder à força, mas sim, o mensageiro da paz que queria transformar o mundo pelo amor”, conta.
Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao Filho de Davi”, “Salve o Messias”. “A entrada de Jesus na cidade foi uma verdadeira passeata pela paz, que denunciou a opressão que os romanos e os sumo- sacerdotes infligiam sobre a população, e anunciou que Jesus era o Salvador da humanidade que há tanto tempo o povo esperava”, diz Pazuch.
Além dos ramos, o período da Páscoa é tomado por outros rituais e simbologias, mesmo antes do grande domingo. Assim como em outras cidades do país, em Guarapuava já é tradicional o espetáculo que representa a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, realizado pela Prefeitura Municipal em parceria com a Diocese de Guarapuava.
Com ares de superprodução, o evento atrai cerca de 50 mil pessoas à Praça da Fé, onde todos os anos é montado o palco, que na edição atual vai ter uma estrutura mais de 200 metros de largura. O elenco é formado por mais de 600 atores amadores de comunidades paroquianas da Diocese, que ensaiam durante os finais de semana da Quaresma, sob a direção artística da Cia Arte & Manha.
A diretora do grupo teatral, Rita Felchak, promete novidades para o espetáculo deste ano. Além dos números de dança e circo o público pode esperar surpresas de cenografia estilizada. A história vai começar desde a anunciação do Anjo Gabriel a Nossa Senhora sobre o nascimento de Jesus, seguindo com uma rápida retrospectiva sobre sua vida até o momento de sua crucificação.
O espetáculo ainda apresentará técnicas de rapel e montanhismo com a participação do Corpo de Bombeiros.

Símbolos e Rituais

Confira abaixo algumas das tradições que envolvem a data, dentro das religiões católica e judaica:
Ovos de Páscoa – Povos antigos como persas, romanos, armênios e judeus, já tinham a tradição de trocar ovos coloridos, que simbolizavam a fertilidade e no início da primavera (ou seja no renascimento da vida) a tradição se instalou. Na miscigenação cultural entre os povos, a Igreja Católica acabou incorporando o hábito, relacionando-o com a Páscoa. Foi no século XVIII que os confeiteiros franceses resolveram trocar os tradicionais ovos de galinha por ovos de chocolate.
Coelho da Páscoa – Como coelhos costumam ter uma prole muito grande quando se acasalam, tornaram-se para os antigos egípcios a personificação da fecundidade e da reprodução da vida. Já para os alemães, nas festas de primavera, uma lebre trazia ovos coloridos às crianças boazinhas e rapidamente a idéia se espalhou na América devido aos colonos germânicos. Como ovos já estavam diretamente relacionados com a Páscoa, o coelho passou a ser o portador dos deliciosos presentes. Algumas correntes acreditam que o coelho, para os católicos, simboliza também a capacidade da igreja em fecundar novos discípulos.
Colomba – Reza a lenda que quando o rei Albuino dos Lombardos quis invadir a cidade de Pavia, no norte da Itália, um padeiro local lhe ofereceu um bolo em formato de pomba. O monarca gostou tanto do delicado sabor do regalo que desistiu da invasão. Como a pomba é um dos símbolos católicos da paz e do Espírito Santo, incorporou-se o doce para o café da manhã pascal.
Quaresma – Mais uma tradição judaica que foi incorporada pela Igreja Católica, já que os hebreus passaram 40 anos no deserto. Hoje em dia, por 40 dias os hebreus devem resguardar o corpo de excessos. Para os católicos, são os 40 dias que antecedem a Páscoa, começando na quarta-feira de cinzas e que convida os fiéis à reflexão, penitência e meditação.
Sábado de Aleluia – É o último dia da semana santa e não se celebra missa ou qualquer ritual eucarístico a não ser a confissão e a liturgia das horas. É nesse dia também que acontece a malhação de Judas, comemorando a morte do traidor de Cristo.
Cordeiro de Deus – O cordeiro também está diretamente relacionado com a festa, já que nas tradições católicas Cristo seria o cordeiro de Deus sacrificado pelos nosso pecados e cujo ato livraria o mal do mundo, nos redimindo. É interessante notar que, na história do Êxodo, Deus manda que os judeus sacrifiquem um cordeiro e passem seu sangue na porta de suas casas. Assim a praga da morte dos primogênitos não os atingiria e sim somente aos egípcios. Ou seja, o animal é figura recorrente nas tradições.
Círio Pascal – É uma grande vela usada durante as missas do tempo pascal (período litúrgico que segue até 50 dias depois do domingo de Páscoa), que possui as letras alfa e ômega do alfabeto grego, significando que Deus é o princípio, o fim e ainda o ano corrente. Além disso, durante a vigília pascal o sacerdote insere na vela cinco grãos de incenso simbolizando as chagas de Cristo.
Pão e vinho – O pão era um dos alimentos mais comuns na antiguidade e nossos antepassados tomavam vinho em quase todas as refeições. Daí a explicação porque Cristo usou os dois alimentos em sua última refeição. O pão simboliza o corpo de Cristo e o vinho seu sangue, e é uma maneira de lembrar aos fiéis de seu sacrifício na cruz e nos fazer partilhar desse momento.

Cristina Esteche

Jornalista

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