22/08/2023




Política

Dr. Rosinha aponta “descaso recorrente” da Assembleia do PR com as leis de trânsito

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Brasília – Parlamentar petista cobra rigor na investigação sobre a conduta do deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho (PSB) no acidente que resultou na morte de dois jovens. Há exatos dez anos, o então presidente da Assembleia Aníbal Khury (1924-1999) declarou que o Código Nacional de Trânsito não tinha validade no Centro Cívico, onde ainda hoje parece não haver fiscalização

O deputado federal Dr. Rosinha (PT-foto) afirmou nesta quinta-feira, dia 4, em Brasília que a Assembleia Legislativa do Paraná tem um histórico marcado pelo descaso em relação ao cumprimento do atual Código Nacional de Trânsito, em vigor desde 1998, e cobrou apuração rigorosa da conduta do deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho (PSB) na colisão ocorrida no último dia 7 em Curitiba. A colisão resultou na morte de dois jovens, Gilmar Yared, 26, e Carlos Almeida, 20.
“Em maio de 1999, o então presidente da Assembléia Aníbal Khury executou a prisão ilegal de dois agentes de trânsito que autuavam veículos estacionados em local proibido no Centro Cívico, e declarou à imprensa que a legislação de trânsito simplesmente não tinha validade num raio de 300 metros em torno da Assembléia”, observou Dr. Rosinha. “Na época, nenhum deputado estadual criticou o autoritarismo de Khury, que na prática incentivava a imprudência e o desrespeito à lei.”
A assessoria do deputado petista percorreu na manhã desta quinta-feira as ruas ao redor do Legislativo estadual. Diversos carros estavam ao lado de placas que proíbem o estacionamento, em frente ao prédio da Assembleia. Vários outros estavam em fila dupla, também em frente ao Tribunal de Justiça. “Ao contrário do que diz a Constituição, parece que em Curitiba a lei não vale para todos”, critica Dr. Rosinha. “Onde está o órgão de trânsito da Prefeitura de Curitiba que não fiscaliza o cumprimento do código no Centro Cívico, onde o descaso com a lei é recorrente?”
Questionado a respeito do fato de o deputado Carli Filho estar dirigindo com a carteira de habilitação suspensa desde julho de 2008 —com 130 pontos acumulados e 23 multas por excesso de velocidade emitidas desde 2003— Dr. Rosinha afirmou o seguinte: “Há duas mortes que precisam ser esclarecidas, com transparência e rigor, independentemente de um deputado estar envolvido. Mas não podemos admitir privilégios nem impunidade. Quem é responsável por elaborar leis jamais deveria descumpri-las”.
Existem ainda fortes indícios de que Carli Filho estava bêbado quando colidiu seu carro. Segundo boletim do Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência), o parlamentar apresentava “hálito etílico” no momento do acidente. Testemunhas confirmam que, momentos antes da colisão, ao sair de um restaurante, o deputado, visivelmente embriagado, havia inclusive caído na calçada.
Em 2008, o Congresso Nacional aprovou uma mudança no Código que passou a punir o motorista que dirigir sob a influência de álcool independente da concentração por litro de sangue. Constatada a suspeita de embriaguez, os testes de alcoolemia são obrigatórios.
“A população precisa saber se todas as providências legais foram tomadas pelas autoridades policiais envolvidas nesse caso”, observa Dr. Rosinha. “Uma conclusão preliminar é de que a quantidade de blitzes realizadas pela Polícia Militar em Curitiba é insuficiente para intimidar os maus motoristas, que cometem crimes de trânsito com a quase certeza da impunidade.”
Outra crítica do deputado petista se refere ao prefeito Beto Richa (PSDB), que em seu primeiro mandato implantou sinalizadores verdes nos trechos que antecedem os radares controladores de velocidade. “Além de alugar esses equipamentos e pagar caro por isso, essa decisão do prefeito tucano de marcar o local de cada radar é equivocada, por fazer com que os motoristas acelerem logo depois de passar pelas câmeras.”

Cristina Esteche

Jornalista

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