22/08/2023

E a culpa é da imprensa!

A inversão de valores, o enfraquecimento de princípios, o conceito desvirtuado da política pelo bem coletivo, está levando as pessoas a deixarem de fazer a “me a culpa” e  tentar repassar a responsabilidade de seus atos a terceiros. Na sessão dessa segunda feira (09), na Câmara de Vereadores de Guarapuava, não sei se por falta de assunto mais importante para ser debatido, o projeto de autoria do vereador Airson Horst (PPS) que previa a redução do recesso parlamentar, mudança no horário das sessões e a inclusão de mais uma sessão na semana, voltou à pauta das discussões. Louvável, se a matéria estivesse tramitando, mas sem nenhuma chance de ser debatido, o projeto foi arquivado pela maioria dos vereadores. Então por que continuar polemizando sobre uma matéria que não existe mais? E o pior de tudo isso é que a imprensa foi culpada de dar visibilidade a um “protótipo de projeto”, como foi denominado. Ora, se vereadores se omitem de debater uma matéria e preferem não avalizá-la de acordo com seus próprios interesses, por que a imprensa estaria impedida de dar visibilidade a um assunto polêmico e que vem, há décadas, merecendo as críticas da sociedade?  Por que o projeto é um protótipo se obedeceu as normas exigidas para tramitação, com exceção justamente da parte que caberia aos vereadores que é exigência de sete assinaturas signatárias para poder tramitar? Por que os veículos de comunicação perderiam a credibilidade em mostrar à opinião pública um fato acontecido no Legislativo Municipal, a exemplo de tantos outros? Por que essa discussão inócua volta à tona depois que o projeto foi rejeitado antes de entrar em pauta? Por que esse assunto, de repente, se tornou tão importante ao ponto de provocar agressões verbais em discussões fora do plenário ao fim da sessão?  Será por que a sociedade recrimina a atitude da maioria nessa questão? Será que é para isolar o autor do projeto que foi taxado de demagogo por companheiros da própria bancada que lidera e por colegas da oposição? Não será nenhum espanto se nas próximas sessões surgir um projeto semelhante que receba o “sinal verde” da situação e da oposição. Bem, se isso acontecer, méritos para o vereador Airson que, de alguma forma, atingiu o seu objetivo. E aos demais caberá a tentativa de “juntar os cacos”, pois como disse o vereador Cosme Stimer com o seu palavreado especial, e mais uma vez infeliz, o nome dos vereadores “foi jogado pra cachorrada”, referindo-se à proposta de Airson. Se sobrar alguma coisa, está mais do que na hora de começar a juntar.

Cristina Esteche

Jornalista

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