Passados nove meses do impeachment da ex-presidente Dilma, o país assiste agora a derrocada de um governo considerado ilegítimo, que feriu e estilhaçou a democracia. É como se o peixe estivesse morrendo, literalmente, pela própria boca, enquanto a sua base segue dispersa, desarvorada. Até o meio da tarde de hoje (18), PSB, PPS e o próprio PSDB já falavam em deixar o governo. A imprensa já anunciava a quase certa renúncia . Mas Temer não jogou a toalha. Tacitamente, bradou: “eu não vou renunciar” e diz que o seu compromisso é com o Brasil.
E agora? Como fica a base governista? Qual será a reação do povo brasileiro? Nas ruas, desde a noite de ontem, quarta (17), o Dia D contra Temer, muitos pediam “Diretas Já”. Na Avenida Paulista, em São Paulo, cerca de mil manifestantes se reuniram quase que imediatamente após a notícia que saiu engasgada no Jornal Nacional: Temer foi pego com as mãos na botija e leva junto Aécio Neves e outros. Ou será que não?
O que será do país depois de tudo isso? Essa é a grande incógnita. Vivemos nesta quinta feira, um dia com cenário nada alentador: as bolsas despencaram; partidos aliados ameaçavam abandonar o navio em naufrágio; movimentos convocam panelaços; pedidos de impeachment estão sendo protocolados.
Enquanto isso, nas redes sociais, os comentários de internautas nos dão um retrato falado do humor do brasileiro. A criatividade jorra, transborda e tudo e todos são motivos para piadas. Enquanto o país é afundado em suas próprias mazelas, o brasileiro é o único povo que ri da própria desgraça, como disse certa vez o saudoso Chico Anysio.
Mas uma coisa é certa. Nesse mar de lama onde mentiras, golpes, roubalheira, piadas e tantas outras coisas deslizam, somente as eleições diretas, legítimas, poderão juntar os caquinhos da democracia brasileira. O que os homens do poder precisam saber é que o Brasil de hoje é diferente daquele de 1964. Esse Brasil, nunca mais!