A polêmica envolvendo a Câmara Municipal de Vereadores em Guarapuava vai muito além do que a escolha dos nomes que iriam compor a Comissão de Finanças e Orçamento. O início, no meu entendimento, está lá nas urnas quando foram eleitos os 21 vereadores, a maior parte para a bancada de sustentação ao prefeito Cesar Filho. A pluralidade dos partidos na base de apoio, desde a campanha eleitoral até a eleição, dificulta o relacionamento e o consenso por causa de interesses adversos de cada um. Foi assim para a escolha do primeiro presidente da atual legislatura, embora Edony Kluber (PSD), o escolhido, tenha conseguido “administrar” os 14 vereadores da bancada, ao seguir as orientações do Executivo Municipal.
Para a substituição de Edony na presidência, outro quadro começa a ser desenhado. A maioria da bancada do prefeito aprovou o nome do vereador do PSB, Valdemar Calixto, o Negão, contra o também situacionista João Napoleão (PROS). Para vencer a eleição, João Napoleão buscou os votos da oposição, com as bençãos do experiente Elcio Melhem, e dos vereadores situacionistas Valdir Kukelcik, Germano Toledo Alves e Elias Rodovanski. Decretava-se então o bloco dos quatro na linha de frente do Legislativo Municipal.
No dia seguinte à vitória, porém, Napoleão estava frente a frente com o prefeito Cesar Silvestri Filho (PPS) para assegurar o apoio à administração municipal.
Entretanto, a linha de conduta entre os dois prédios vizinhos, passa por mudanças. João Napoleão não esconde o desejo de que seja respeitada a autonomia entre os poderes, dando a entender que não vai “dançar a música tocada pelo Executivo”. A atitude gera fissuras.
Internamente, as sessões – que são transmitidas pela tevê – mostram uma atuação legislativa permeada por ataques pessoais, pronunciamentos desconexos, sem conhecimento de causa. Matérias de interesse popular como a redução do período de recesso da Câmara na proposição original feita pelo vereador Airson Horst não obteve apoio, nem mesmo dos companheiros que lidera. Tempos depois, o mesmo projeto retorna repaginado, com nova autoria, e é aprovado, forçado pela repercussão negativa por causa da reprovação do projeto original. Esse exemplo serve apenas para ilustrar como está sendo a atuação de vereadores na atual legislatura.
Enquanto isso, o expediente da Câmara pela manhã deixou de existir; fiscalizações que deveriam acontecer só correm na boca do povo e, a julgar pelos requerimentos e projetos de leis que são apresentados, as moções e os títulos de cidadania continuam sendo prioridade na Ordem do Dia.
Mas o ponto crucial desse relacionamento que já nasceu fragilizado, dentro da própria bancada, foi a declaração feita na manhã desta terça feira (10), quando o presidente declarou que esta é a pior Câmara da história de Guarapuava e para a qual não vê “salvação”. A infeliz declaração de João Napoleão dá a entender que a Câmara de Guarapuava não tem mais jeito. Mas como um comando vai conduzir o seu batalhão de não acredita nele?