22/08/2023
Blog da Cris Guarapuava

E o vento levou!

Não há metáfora que alcance a violência do tornado com ventos estimados a até 330 km/h que rasgou o mapa e o coração de uma comunidade

Tornado (Foto: IA)

Em 45 segundos, a eternidade vestiu o luto em Rio Bonito do Iguaçu. Não há metáfora que alcance a violência do evento que varreu a cidade, um tornado com ventos estimados em até 330 km/h que rasgou o mapa e o coração de uma comunidade. O que era lar virou escombro, o que era vida virou luto.

É o tempo de um piscar de olhos prolongado, de uma respiração suspensa. Nesse lapso brutal, a natureza nos lembrou, com uma fúria impiedosa, da nossa fragilidade inerente. De nada valeram as paredes, os telhados, a solidez que julgamos ter construído. Diante da rotação ensandecida do vento, somos todos iguais: iguais na vulnerabilidade, na surpresa atordoada, no medo primitivo.

A tragédia roubou vidas, ceifou sonhos, deixou feridas que o tempo demorará a cicatrizar. No meio da lama e dos destroços, porém, surge a grande lição que fica: a humanidade em sua forma mais pura.

IGUALDADE

Quando a terra treme e o céu desaba, as diferenças somem. O morador que perdeu tudo estende a mão ao vizinho; o desconhecido viaja quilômetros para trazer um agasalho. A solidariedade brota como flor inesperada no deserto de concreto. É o instinto de sobrevivência transformado em empatia; a dor individual transmutada em força coletiva.

“A cidade foi destruída em 45 segundos,” dizem os relatos. Mas a reconstrução, impulsionada pelo laço humano, é um processo que durará uma vida, forjado na ajuda mútua.

Perdemos entes queridos, perdemos a materialidade de nossas vidas, mas ganhamos a certeza de que nossa real fundação não está em tijolos, mas nas mãos que se unem e nos ombros que amparam. A vida é um sopro, uma breve passagem, e o único legado que resiste à fúria dos ventos é a nossa capacidade de amar e cuidar uns dos outros.

Rio Bonito do Iguaçu está ferida, mas não derrotada. A cicatriz do tornado será, paradoxalmente, um símbolo da igualdade perante o caos e da solidariedade que reconstrói, tijolo por tijolo, a esperança.

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Cristina Esteche

Jornalista

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