Nos últimos anos, a saúde mental tem sido um tema cada vez mais discutido em todo o Brasil. Especialmente diante de uma crescente demanda por serviços de apoio psicológico e psiquiátrico. Essa demanda encontra agravante, principalmente, pós-pandemia da covid.
No entanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda enfrenta grandes desafios em garantir o atendimento adequado e eficiente a quem sofre de transtornos como a ansiedade. No sábado (15), um trágico episódio chocou Guarapuava. Um jovem, após sair de uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa), com crise de ansiedade, se jogou no Parque do Lago, no Centro da cidade. A atitude extrema do jovem demonstra a gravidade da condição psíquica e a falta de suporte imediato. O lago fica distante cerca de três quadras da Upa do Batel, onde ele foi atendido.
De acordo com o médico psiquiatra de Guarapuava, Cleber Ferreira, a capacitação de profissionais na rede pública de saúde é de suma importância. Isso porque, uma medida simples como acalmar o paciente pode conter uma crise de ansiedade. “Numa crise de ansiedade disfuncional o paciente sente um risco iminente de morte. O coração dispara e há a sensação de ataque cardíaco”.
Conforme o especialista, a pessoa que está com o paciente deve fazê-lo controlar a respiração. “Respirar lentamente pelo nariz e soltar o ar pela boca. Essa ação vai normalizar o batimento cardíaco. Outra atitude é tentar distrair o paciente, tirar o foco do medo”. Entretanto, o mais importante, de acordo com o psiquiatra, é acolher, oferecer apoio à pessoa, mostrando que ela não está sozinha. E que se a situação ficar mais intensa, vai procurar um médico.
CAUSAS
As cobranças excessivas por parte da sociedade provocam um excesso de carga sobre as pessoas. Conforme disse o psiquiatra Cleber Ferreira ao Portal RSN, “vivemos num mundo em que ser bom naquilo que se faz, não é mais suficiente. Temos que ser ótimos no trabalho, na casa”. Essa cobrança excessiva, segundo Cleber Ferreira, provoca o estresse e se torna um gatilho para a ansiedade.
As pessoas estão sobrecarregadas por problemas profissionais, familiares, financeiros, de saúde (insônia, hipertensão, por exemplo). Alguns medicamentos oncológicos e cardíacos também provocam ansiedade.
No entanto, segundo o especialista, dois sintomas são devastadores: a procrastinação e a insegurança. “A procrastinação provoca o acúmulo de tarefas e quando a pessoa não dá conta de tudo vem a ansiedade. E outro, mais grave ainda, é a sensação de incompetência. Mas na verdade se trata de insegurança”.
Para se ter uma ideia da importância de se tratar a ansiedade, de cada cinco pessoas com esse transtorno, três podem levar à depressão. E esta quando não é tratada pode levar a atitude extrema, como atentar contra a própria vida.
TRATAMENTO
Guarapuava conta com Centros de Atenção Psissocial (CAPS) e Unidades de Pronto Atendimento. Estas contam com equipes multidisciplinares. Uma equipe diversificada trabalha em conjunto para atender às necessidades de saúde mental das pessoas. O atendimento inclui aquelas que enfrentam desafios relacionados às necessidades decorrentes do uso prejudicial de álcool e outras drogas.
Conforme Cleber Ferreira, a ansiedade, muitas vezes, precisa de medicação. Mas há aqueles que podem se beneficiar com terapias alternativas, como ioga e meditação, por exemplo.
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