Cristina Esteche
Embora a economia brasileira tenha acelerado o ritmo de crescimento em setembro último para fechar o terceiro trimestre no azul, os numeros positivos não são suficientes para mostrar sinais de aceleração. Na segunda (17), o Banco Central sinalizou que o país deve ter saído da recessão técnica, já que o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), avançou 0,59% entre julho e setembro sobre o segundo trimestre, quando houve queda de 0,79% sobre janeiro e março. De acordo com o BC, em setembro, o indicador subiu 0,40% sobre agosto, quando havia subido 0,20% sobre o mês anterior. O resultado de setembro veio acima do esperado por economistas, que aguardavam alta de 0,14%.
Entretanto, como a economia brasileira vem de um processo de recessão ao longo do ano e com crescimento pequeno nos últimos três anos, os avanços divulgados pelo BC não empolgam, já que o fraco cenário de crescimento vem acompanhado com inflação elevada, como observa o economista e doutor em História Econômica pela Universidade Fluminense, Carlos Alberto Gomes em conversa com a Rede Sul de Notícias. “Esse cenário faz com que haja contenção de consumo, o que reflete no setor comercial, mesmo sendo um período de final de ano quando há aquecimento por causa das vendas natalinas e de final de ano”. De acordo com o economista, a previsão de vendas nesse período é menor do que foi em 2013, “que não foi bom”. O Governo também deixa de investir atingindo a classe empresarial o que, consequentemente, resulta em dispensa de mão-de-obra.
Aumentos
A situação agrava-se quando o Governo Federal segurou medidas impopulares por causa do processo eleitoral e as libera após o pleito, como o aumento dos combustíveis, por exemplo. “Não há como conter o aumento de tarifas, das taxas de juros, como a taxa Selic (taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais que subiu em 11,25% agora em novembro em relação a outubro”. Segundo Gomes, isso provoca a queda de consumo já que as pessoas deixam de comprar a prazo. Outro fator que contribuiu de forma negativa é a contenção dos gastos públicos defendida tanto pelo governo quanto pela oposição. O Governo tem déficit primário, ou seja, quando o gasto é maior do que a arrecadação, quando os gastos são elevados, mas isso influencia nas atividades produtivas e o setor diminui investimentos, reduz o ritmo da mão-de-obra, dispensa funcionários e provoca demissão também por parte das empresas prestadoras de serviços terceirizados. “Em tempo de recessão o Governo deveria que agilizar investimentos em vez de reduzir, pois isso aqueceria a economia, significando mais arrecadação de tributos. É uma situação dúbia, mas defendo isso, ao contrário do que pensam o Governo e a oposição”.
Cenário externo
Com esse cenário, as perspectivas da economia brasileira em 2015, vão depender muito das medidas que serão tomadas pela presidente Dilma e do comportamento da política externa. “Se não houver uma recuperação da economia externa o Brasil também será prejudicado comprometendo ainda mais o risco de crescimento e a recessão será ainda maior”. Segundo Gomes, tudo vai depender também do comportamento das principais economias mundiais que são as grandes compradoras de produtos brasileiros e que fazem investimentos nos mercados financeiros e de capitais de risco.