22/08/2023


Brasil

Efêmera e encantadora vida

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Já acordei com a sensação que seria um dia que precisaria fazer um exercício que estava protelando nos últimos meses. Achei que era importante estar só, por mais que estivesse com medo.

A vida é assim mesmo e a nossa maior missão é conseguir assimilar e viver sentimentos, com os quais realmente não sabemos o que fazer. Comprei pequenas flores do campo, separei velas coloridas e incensos. 

Caminhava devagar, mas sentia os batimentos do coração mais intensos. Tive vontade de voltar atrás, foi então que o universo colocou no meu caminho uma grande amiga que me deu forças generosas para que eu pudesse viver esse momento de desprendimento.

Olhei para aquele nome que transformou minha vida escrito numa placa cor de rosa. Percebi claramente que, embora respeite aqueles restos materiais guardados, eles só me fazem ter ainda mais convicção sobre a fragilidade da vida física e sobre a amplitude da espiritual, daquela que eu tinha certeza que não estava mais ali.

Os incensos se misturavam com a energia de toda aquela multidão caminhando em oração. E as flores? Por mais que fossem bonitas e fruto de uma entrega muito sincera, não eram compatíveis com a imensidão energética daquela que é realmente a minha flor mais linda e imortal.

Consciente de tudo, resolvi então visitar um lugar que me trazia lembranças fortes de vida, do que foi inesquecível. No parque, um espaço público, tínhamos o nosso recanto particular. Deitei na grama embaixo da nossa árvore preferida e logo ouvi o canto do pássaro que ela havia me ensinado a perceber. Tirei os meus sapatos e lembrei que ela não gostava de colocar seus sensíveis pezinhos na grama. Acho mesmo que ela já sabia que sempre foi do céu pra ter os pés tão firmes assim na terra.

Foi nesse momento que voltei a ver o sol, o seu brilho refletido na água, as folhas das árvores iluminadas quase num verde limão balançando ao vento, uma criança rindo na balança, outra correndo com o cachorro, um velhinho vendendo sorvetes e um beijo apaixonado de um casal de namorados. Tudo mostrando que a vida se renova a todo momento.

Abracei, mais uma vez, a nossa outra árvore preferida e lembrei do seu olhar. Agora entendi tudo o que queria dizer naquele momento em que ainda estava pesando sobre o meu colo.

Minha lição é estar disponível a viver cada vez mais momentos inesquecíveis, com quem amo, com quem quer que seja, porque meu maior tesouro são as memórias de lindas histórias de amor verdadeiro.

Saí caminhando, sem medo, sabendo que posso encontrá-la a todo momento, sempre que olhar para dentro de mim.

Até sempre!

Beijos.

Jo.

Texto sempre atual escrito em 2 de novembro de 2011 para Mariana, minha sobrinha que foi brilhar com as estrelas com apenas 1 ano e dois meses de idade. Tempo suficiente para transformar muitas existências. Amor pulsando profunda e eternamente! 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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