Da Redação
Guarapuava – "Era por volta das 12h do dia 21 de junho. Ele chegou em casa com um envelope na mão, cujo conteúdo dissolveu num copo de limonada e sorveu em poucos goles. Foi para sala, colocou uma música na vitrola, sentou e disse adeus. Friamente, esperou até que o veneno fizesse efeito. Foram poucos minutos e a vida se desfez após convulsões". Assim como o relato acima, de uma leitora da RSN que sentiu o drama de perder seu marido, numa morte premeditada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 800 mil famílias sofrem, anulamente, já que pessoas tiram a própria vida todos os anos, o que significa que a cada 40 segundos é cometido um suicídio no mundo. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é a segunda causa de morte. No Brasil, as estatísticas também são assustadoras: a cada 45 minutos, um brasileiro comete suicídio. São 32 vidas perdidas por dia, segundo dados do Centro de Valorização da Vida (CVV).
Em Guarapuava, os boletins policiais, noticiam, frequentemente, casos em que pessoas tiram a própria vida.
Porém, para o psiquiatra e cofundador da Estar Saúde Mental, Caio Magno, o mais importante não são as estatísticas de morte, mas sim de prevenção. "Em 90% dos casos, o suicídio está ligado a transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e abuso de álcool e drogas. Todas essas condições são tratáveis”. Segundo o psiquiatra, entretanto, no Brasil há dois obstáculos: dificuldade de acesso aos serviços de saúde e falta de conscientização da importância de cuidar da saúde mental como cuidamos da saúde física.
Em 90% dos casos, o suicídio é consequência de um transtorno mental não tratado ou tratado inadequadamente. A dependência química é um fator de risco importante, pois aumenta em 15% o risco de tirar a própria vida.
Segundo um estudo que avaliou a epidemiologia do suicídio, a cada 100 habitantes, 17 já pensaram em suicídio, cinco planejaram, três tentaram e apenas um foi atendido em um serviço de emergência. Esses dados mostram que tirar a própria vida é algo mais comum do que podemos imaginar, por isso é considerado um problema de saúde pública.
Para chamar a atenção para o tema, que ainda é tabu, a Internacional Association for Suicide Prevention (IASP) criou o Setembro Amarelo, um movimento mundial e foi criado para mostrar a importância de falar sobre o tema.