22/08/2023


Guarapuava

Em comemoração, Grupo Visconde Guarapuava mostra que sua história é feita de amizades

Solenidade marca primeira visita do general Roberth Eickhoff ao 26º GAC

quartel

Militares em desfile (Foto: Marina Alves)

Como é deixar uma cidade cravada na fronteira, linda terra missioneira das reduções guaranis? São Borja, terra de presidentes militares, primeira dos Sete Povos das Missões, se despediu de militares que trouxeram na bagagem a imagem das coxilhas verdes em flor canhadas de céu azul. Perto das barrancas do Rio Uruguai, com seus exemplos de bravura e tradicionalismo dos antepassados, a cidade gaúcha deu a Guarapuava a atual unidade do Exército Brasileiro. São 92 anos de história escrita, parte dela relembrada por um dos pioneiros, após a solenidade cívica nesta quarta feira (22), na sede do 26º Grupo de Artilharia e Campanha (26º GAC). São mais de nove décadas de uma história que começou no Rio Grande do Sul, das quais 45 anos marcam a criação do Grupo Visconde de Guarapuava, no município.

General Roberth Eickhoff, comandante da 15ª Brigada (Foto: RSN)

Reunindo autoridades civis e militares, além de personalidades que contribuem, de alguma forma, com o trabalho do Exército, a solenidade foi marcada pela entrega do diploma “Amigo do Grupo”. A diretora do Portal RSN, Cristina Esteche, foi uma das contempladas com a honraria. Destaque para a presença, pela primeira vez, do General Roberth Eickhoff, comandante da 15ª Brigada, com sede em Cascavel, e que tem sob jurisdição, dez quarteis, incluindo o 26º GAC. O General assumiu este posto em abril deste ano.

Tenente-Coronel, Ricardo Facó de Albuquerque, comandante do 26o GAC (Foto: RSN)

Destes anos de história, que começou na cidade gaúcha de Itaqui e depois foi para São Borja, também no Rio Grande do Sul, 45 anos estão sendo escritos em Guarapuava. De acordo com o Tenente-Coronel Ricardo Facó de Albuquerque, comandante do 26º GAC, em 1973 o Grupo Independente de Cavalaria, que até então exercia atividades em Guarapuava, foi substituído pelo Grupo de Artilharia e Campanha, tendo como primeiro comandante Claudio de Moura Abreu.

De acordo com o engenheiro Dolcimar Lopes de Quevedo, que foi o primeiro motorista do comando do 26º GAC, foram quatro dias de viagem de São Borja a Guarapuava, para cumprir a ordem do ex-presidente Ernesto Geisel. O Brasil vivia o governo da ditadura militar.

“Recebemos a ordem de transferência e tivemos apenas duas semanas para a viagem. Nunca tínhamos ouvido falar em Guarapuava, mas as primeiras notícias dadas pelo então Sargento Trado, era que se tratava de uma terra hospitaleira”.

Dolcimar Lopes de Quevedo (Foto: RSN)

A viagem foi feita de ônibus, carros próprios, e parte da tropa, entre as quais estava o Cabo Quevedo, viajou em comboio militar. Para o transporte de parte do material bélico e munição foram contratados e integravam o comboio.

“Como curiosidade não posso deixar de mencionar a emoção de alguns soldados que ao atravessarmos o Rio Pelotas, na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, devido talvez à simplicidade, pensaram que estavam entrando em outro país. Tiraram a cobertura e emocionados disseram: Adeus Brasil!”

Segundo Quevedo, a viagem foi cortada por muitas paradas para reparos mecânicos e cuidados com o material bélico que estava sendo transportado”.

Enfim, após quatro dias, em 10 de agosto de 1973, às 12h, os militares chegaram ao Terceiro Planalto Paranaense, como relembra Quevedo.

“O primeiro impacto não foi muito positivo, porque Guarapuava nos recebeu com chuva e muito frio. Antes, fizemos uma carreata pela cidade e fomos recebidos com muitos aplausos pela comunidade”. Entretanto, ao chegarem na sede do quartel, se depararam com as precárias condições da estrutura física do quartel. As paredes de madeira e as condições hidráulicas estavam bastante comprometidas e, apesar do inverno rigoroso, tínhamos que tomar banho frio”.

Segundo Quevedo, na primeira baixa, muitos soldados retornaram a São Borja. Outros permaneceram, como foi o seu caso.

Quevedo foi o responsável pela construção do rancho, enfermaria, estande de tiros, parte do salão social, ginásio de esportes, do Gresga – clube recreativo -, entre outras obras que inclui também o 16º Batalhão da Polícia Militar. Por esse trabalho, recebeu os títulos de Amigo Benemérito do Exército Brasileiro e Integrante Permanente do 26º GAC.

Cristina Esteche

Jornalista

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