Nem bem a noite cai, dona Marilda, Valdete, Cleusi, Dalva e Anita, colocam aventais, toucas na cabeça e começam a cozinhar. Enquanto preparam a comida, um ritual que se repete todos os sábados, Betão e Marcinho alimentam o fogão à lenha. Se a cozinha é pequena de tamanho, há espaço de sobra para tanta solidariedade.
“Eu comecei no Amor e Atitude a partir do dia em que fui na casa do meu filho e vi o que a minha nora estava fazendo”, diz dona Marilda.”Eu sempre pensava como eles [Marcio e Carina] iam fazer. Somos uma família muito simples. Meu filho é vendedor autônomo e tem quatro filhas. Mesmo assim faziam cachorro quente para moradores de rua e cestas básicas para quem precisa”.
DEU O ÚNICO POTE DE AÇÚCAR QUE TINHA
Mãe de Marcinho e nora de Carina, dona Marilda conta que um dia foi até a casa do filho. “Vi minha nora abrir o guarda-louça, pegar o único pote de açúcar que tinha e colocar numa cesta básica. Mais tarde vi ela adoçando a mamadeira de uma das filhas com mel. O açúcar ela tinha dado”.
A partir desse dia, dona Marilda diz que precisava fazer alguma coisa para ajudar a realizar a missão do filho. Evangélico, Marcinho não se contentava em ouvir só palavras. Sentia que era preciso ter amor, mas com atitude. “Eu já estava desistindo, pois tinha me decepcionado, mas aí surge a maior força para que o trabalho continuasse”.
BETÃO CEDEU PARTE DA CASA
José Roberto de Lima, o Betão, é padrasto de Marcinho. Vive há 40 anos com Dona Marilda. “Eu não podia deixar a iniciativa do Marcinho perecer. Conversei com a Marilda e decidimos entrar no projeto”.
O pedreiro teve uma atitude ímpar. Doou parte da casa onde mora, na Vila Bela, em Guarapuava, para sediar o projeto. “O lugar onde seria uma garagem, se transformou num espaço de encontros. “Eu e o Betão chegava do trabalho e das 19h em diante até a madrugada fomos fazendo a construção”. O dinheiro para a compra do material era do próprio bolso e da ajuda de amigos.
Mas o projeto não para por ai. Uma estrutura com três peças e um banheiro, nos fundos da casa, estava alugada. Betão abriu mão do valor do aluguel. O local foi transformado no depósito para doações. As roupas recebidas são separadas e colocadas em sacos plásticos, por tamanho e gênero.
Porém, é só por enquanto.
Vou arrumar aqui para morar. Eu e minha esposa não precisamos mais do que isso. Então vamos deixar a casa da frente inteira para o projeto
Mas não é apenas a doação de roupas e comida que essas pessoas vivem nas horas de folga. A construção de casas para famílias que vivem em barracos também faz parte da rotina. “Uma delas já está pronta.Só precisamos de móveis e utensílios de cozinha para inaugurar”, diz Marcinho. Depois, outro barraco será recuperado para uma família no Jardim das Américas.
SERVIÇO
Quem quiser contribuir de alguma forma com o Amor e Atitude, pode entrar em contato com o Portal RSN (42-3626 4157).