Num momento em que o mundo se une para combater um vírus o Portal RSN buscou um exemplo de superação. Trata-se de uma demonstração de como é possível se reinventar quando a vida nos arma ciladas que jamais poderíamos imaginar. Entretanto, muito mais do que isso, é um exemplo de amor incondicional ao próximo, que concretiza uma amizade para toda a vida.
Assim, em Guarapuava vivia um menino que estudava, praticava esportes, corria. Enfim, levava uma vida considerada normal, por não possuir nenhum tipo de deficiência que pudesse limitar a sua mobilidade.
Porém, uma simples brincadeira de futebol na hora do intervalo, no Colégio Visconde de Guarapuava, tirava a visão de Vinicius Bail.” Estávamos jogando e eu chutei a bola no travessão, a trave balançou e ia cair em cima do goleiro. Daí, eu empurrei o goleiro e sobrou para mim”. Segundo o jovem, o acidente foi no dia 3 de abril de 2015 e ele só acordou do coma em maio”.
Além de não enxergar mais, Vinicius também perdeu o movimento de uma das pernas e de um dos braços. Conforme Vinicius, a idas e vindas por vários tratamentos o levaram até a Tailândia para tratamento com células-troncos. “Eu não caminhava direito, tinha muita dor no braço direito e tudo melhorou, até a visão. Hoje eu sei quando um lugar está claro”.
Apesar da falta de visão, Vinicius disse que não se abalou.
Eu sabia que tinha que aprender a viver num novo mundo, com uma nova experiência.
Assim, uma das primeiras iniciativas foi buscar melhorar o seu desempenho criando uma luva com sensor. “Eu estudava no Sesi e desenvolvi o projeto em parceria com a campus da indústria em Curitiba. Fui premiado no Inova Regional e 2017 fiquei entre 0s 25 melhores projetos nacionais pelo voto popular em quarto lugar pelos votos dos jurados em 2018”. Entretanto, o projeto não passou de protótipo por falta de patrocínio.
SUPERAÇÃO E APRENDIZADO
Porém, muito mais do que tudo isso, é a superação de Vinicius como atleta. Ou melhor, para Vinicius a superação tem que ser tripla. Assim com o apoio incondicional do “meu melhor amigo”, Edson Hamerski, 46 anos, o jovem conquista troféus na maior prova de Triathlon em Caiobá. Isso mesmo, Vinicius corre, nada e pedala.
Fiquei em primeiro lugar em 2019 com 1h41 e neste ano bati o meu tempo com 1h35 na categoria com deficiência. No esporte eu me encontro. Me sinto livre. Os médicos disseram que eu poderia ter uma depressão, mas eu escolhi viver bem.
Todavia, a parceria entre Vinicius e Edson começou logo após o acidente. “Quando houve o acidente me emocionei com a história, pois sou amigos dos seus pais. Pensei em mim, em meus filhos. Como sou desportista o convidei para correr comigo, mas vi que ele despertou o interesse pelo triathlon. Quando me disse, ainda bem que não viu a minha de assustado”.
Foi aí que começou a superação. Vinicius passou a dividir o seu tempo entre as aulas de educação física que cursa, com a corrida, a natação e o pedal. De acordo com Edson, foram necessárias algumas adaptações.
Na bike, fazemos uma dupla e só me preocupo em pedalar. Para a natação desenvolvemos um gizo que colocamos na minha perna e na dele. Para a corrida ele tem uma guia nas mãos.
Assim, com esse novo estilo de vida a solidariedade se transformou em aprendizado. “No começo a minha intenção era ajudá-lo. Mas ele [Vinicius] me ajuda mais do que eu a ele”. Conforme Edson, a vida passou a ser vista de uma forma diferente. “Os obstáculos do dia-a-dia já não me abalam mais como antes. Aprendi isso com ele. Então meu maior troféu é esse aprendizado”.
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