Um dos principais cuidados que se deve ter neste período de quarentena é com a saúde mental. De acordo com o psiquiatra Cleber Ferreira, de Guarapuava, numa analogia, as pessoas estão vivendo numa guerra. Porém, segundo especialista, o inimigo é oculto. “Como em toda a guerra é preciso ter uma estratégia. Assim, os profissionais de saúde estão na linha de frente e a população atrás, se resguardando no isolamento”.
Entretanto, as situações novas são nocivas à saúde mental porque precisam de um tempo de adaptação. “A atual geração nunca tinha passado por uma situação como essa, de ruptura muito rápida”.
Conforme o psiquiatra, isso pode levar a quadros de ansiedade intensa, ao estresse e crises de pânico. O abuso de bebidas alcoólicas, conflitos, também podem surgir.
‘DESLIGAR O PLACAR ELETRÔNICO’
Assim, para evitar esses transtornos, se faz necessário saber lidar com as situações que se apresentam. Uma delas, segundo o psiquiatra, é ‘desligar o placar eletrônico’ do coronavírus. “Qual é diferença para nós se tantas pessoas morreram na Itália?”
Conforme Cléber Ferreira, com o excesso de informações, é preciso selecionar as notícias. “Se você quer informação, procure a imprensa séria, como é a RedeSul de Notícias. Se você prefere diversão, então vá para as redes sociais onde não há critério nenhum, não há embasamento técnico”.
Assim como essa, outra sugestão do psiquiatra, para que não haja excesso de informações, é escolher um horário para atualizar os dados que você tem. “Faça isso até antes do jantar. Depois disso, desligue para não comprometer o sono”. Cleber cita como exemplo, o Ministro da Saúde, Mandetta, que fala apenas uma vez por dia. “Ele chega, divulga os números e pronto”.
CONVIVÊNCIA
O período de quarentena está sendo um desafio para a harmonia no ambiente familiar. Porém, para que os relacionamentos não sejam comprometidos, o psiquiatra Cleber Ferreira faz observações. De acordo com o médico, esse período é o momento de desculpas.
É o momento de pedir desculpas e de perdoar. É como se fosse uma época de acordos. São todas as coisas combinadas para se ter um bom convívio.
Ele cita como exemplo, a divisão de tarefas domésticas, o cuidado com os filhos. Porém, sem esquecer do momento da individualidade de cada um, como ler um livro, ouvir uma música, sem ter cobranças. “Todos precisam de um momento a sós”. Porém, segundo o psiquiatra, é preciso entender que esse não é o momento de colocar em debate coisas do passado.
“Não é momento de resolver questões passadas, mas de usar o isolamento para aproximação, para respeitar o próximo, sem cobranças. É o momento de empatia, de acolhimento”. Ele cita um provérbio que entende ser propício para o momento: “ame-me quando eu menos merecer, pois é o momento que mais preciso”.
DEPRESSÃO
Cerca de 20% da população tem momentos depressivos e se não houver cuidados com a saúde mental a tendência é aumentar. Assim, com esse alerta o psiquiatra Cleber Ferreira orienta que ao perceber um quadro de ansiedade forte, é preciso procurar o auxílio profissional. “Entre em contato com o seu médico para que ele possa tomar as medidas necessárias, compartilhe a angústia e não pare o tratamento”.
Entretanto, para ajudar a conter essa doença mental, o psiquiatra diz que é preciso não ter desesperança. “É necessário focar nas coisas que virão. Toda crise tem um tempo para acabar e traz mudanças. Por isso, é preciso estar bem. É preciso que esse isolamento sirva para o crescimento pessoal. Mas para isso é necessário estar atento ao sono, com a alimentação, com os exercícios físicos e buscar aquilo que te relaxa, que te deixa livre do estresse”.
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