22/08/2023
Política

Empresa envolvida em escândalo nacional prestou serviço para Carli

Enquanto os candidatos inscritos no último concurso público ofertado pela Prefeitura aguardam um novo chamamento por parte do prefeito Fernando Ribas Carli o Fantástico levou ao ar no último domingo (17) uma denúncia envolvendo empresa contratada pelo prefeito. A reportagem do Fantástico mostrou que houve fraude em concurso do Mato grosso do Sul. Sem citar qual concurso, somente dizendo que o fato se deu no ano passado, a TV Globo disse que todas as questões da concorrência eram copiadas do concurso semelhante no Pará.

Uma das empresas envolvidas é a RCV a mesma que foi dispensada de licitação no concurso que seria realizado pela Prefeitura em 2010 e que foi cancelado pela justiça por apresentar irregularidades. Esse mesmo concurso tinha como responsável a IB Requena Consultoria, empresa com procedência questionada à época. A Requena tinha como endereço um apartamento no centro de Curitiba, sem telefone acessível ao público.

Segundo a reportagem do programa Fantástico, existe a prática de uma fraude que beneficia parentes e assessores de políticos em concursos públicos, principalmente, os municipais.

Na Bahia, por exemplo, foram 36 casos de irregularidades em concursos. Em Mato Grosso do Sul, as questões de um concurso foram copiadas de uma prova feita antes, no Pará. E, no Maranhão, um analfabeto foi aprovado graças ao esquema montado por um secretário municipal, parente dele.

Prefeitos e vereadores contratam uma empresa para organizar a prova e indicam os candidatos que eles querem ver aprovados. Donos da empresa confirmaram irregularidades e também explicaram como elas são articuladas. A reportagem mostrou ainda pagamento de propina, com previsão de imposto. 

No caso da RCV em Guarapuava, a cópia de questões também aconteceu. Exemplo de um erro gritante foi encontrado na ementa para o cargo de engenheiro agrônomo, onde diz que o candidato deve conhecer “(…) extrato fundiário, utilização das terras do RJ e (…) agropecuária fluminense”.

O que Guarapuava tem a ver com “extrato fundiário” e “utilização das terras” no Rio de Janeiro, ninguém sabe. Muito menos se as técnicas dos produtores rurais guarapuavanos se aplicam aos campos fluminenses. É pouco provável, porém, que os plantadores de cevada e trigo dos campos do Terceiro Planalto Paranaense consigam a mesma produtividade no interior do Rio de Janeiro – uma vez que essas culturas agrícolas são típicas do inverno rigoroso desta porção central paranaense, de difícil adaptação ao clima fluminense.

A constatação mais cabível para o descalabro contido na ementa é que os responsáveis pelas provas em Guarapuava simplesmente copiaram o edital de um concurso no Rio de Janeiro, sem ao menos atinar para a necessidade de readequar o texto.

O CONCURSO ATUAL
Numa cidade que acumula elevado índice de desemprego, o concurso da Prefeitura tornou-se o sonho mais cobiçado por milhares de pessoas que almejam um emprego com estabilidade, assegurado pela lei que rege o serviço público.

Se no concurso de 2010 haviam cerca de 16.000 inscritos, no processo seletivo realizado neste ano esse número caiu para 13 mil candidatos, mesmo assim um número alto considerando o histórico de concursos suspeitos e cancelados judicialmente.

Embora apenas 1. 050 mil tenham tirado a “sorte grande” no atual concurso a contratação ainda paira sobre um impasse. Um decreto assinado por Carli anulou dois editais: um que apontava os classificados e outro que convocava para exames pré-admissionais. O motivo da anulação foi fútil. O prefeito entendeu que os editais deveriam ter sido assinados por ele e não pela presidente da Comissão do Concurso, professora Elizabeth Pacheco. Essa atitude até poderia ser normal se nos concursos anteriores a presidência da Comissão não tivesse assinado os editais sem nenhuma restrição por parte do prefeito.

 

Em entrevista concedida à REDE SUL DE NOTÍCIAS na semana passada, o Sisppmug considerou o ato de Carli como sendo “eleitoreiro ou ataque de ego”.

Cristina Esteche

Jornalista

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