Um método rudimentar, porém, nunca tão atual, ganha o mercado nacional e internacional pelas mãos de um empresário guarapuavano.
Assim, há 30 anos, o zootecnista e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Gustavo Serpa, fez valer o chavão de transformar lixo em luxo.
Porém, foi preciso ter um olhar voltado para baixo, literalmente, para o lixo, e ver que o material descartado poderia passar por transformação. E é assim, a partir do princípio de que tudo se transforma, que os casulos de bico-da-seda indesejados pela indústria têxtil, começaram a ter outra função.
O que antes era descartado passou a ser matéria-prima, inicialmente, para tapetes, mantas, cortinas, até chegar às passarelas da moda internacional.
“Quando percebi que quilos e quilos de casulos iam para lixo porque apresentavam algum defeito, enchi as mãos e levei para casa. Eu achei impossível aqueles fios não servirem para alguma coisa”.
De acordo com Gustavo, a primeira coisa que fez, em seguida, foi vir a Guarapuava atrás de uma velha roca que sua avó fiava fios de lã de carneiro.
“Encontrei com uma ex-funcionária da família, ali na Vila dos Aflitos – hoje Vila São Miguel”.
Literalmente, Gustavo tinha encontrado o fio inicial da meada. “Comecei a produzir um fio de seda com fibras mais rústicas e fui criando, emendando aqui, tingindo e deu certo”.
NEGÓCIO DE IMPACTO
Conhecido como ‘negócio de impacto’ por ter grande responsabilidade social, benefícios ecológicos e sociais, ser viável e com sustentabilidade, a marca Casulo Feliz, é um case que deu certo.
Sediada em Maringá, a empresa transformou um dos bairros mais pobres e vulneráveis da cidade. “Todos os meus funcionários são desse lugar. Negros são os chefes, pois não há distinção”.
Assim, a miscigenação de cores naturais dá o matiz das peças que continuam sendo tecidas em teares. A alquimia encontra fórmulas na natureza. “São folhas, flores, cascas, entre outros ‘ingredientes’ que formam verdadeiras poções mágicas. “A casca de cebola dá o tom dourado no tecido”, ensina Gustavo.
Porém, se o guarapuavano já foi a Marrocos em busca de técnicas de tingimento, é nas coisas mais simples que ele encontra os tons. “Coloco tudo numa bacia, mexo com um pedaço de cano e sai as estampas mais lindas que fazem sucesso nas passarelas”. Aliás, o consagrado São Paulo Fashion Week, ou figurinos de novelas da Record e da Globo, que o digam.
Porém, nas mãos de crocheteiras os fios se transformam em peças que encantam o país e ganham o mercado norte-americano. Nova Iorque é o ponto de partida.
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