Sempre permeada por atualidades e questões discutidas em sociedade, a variedade de possíveis temas para a redação do Enem 2018 é sempre uma preocupação para os estudantes. Para auxiliá-los neste processo de seleção e de relacionamento entre os temas propostos pelo Exame com fatos recentes do Brasil e do mundo, o Portal RSN conversou com a pós-doutora do departamento de Letras, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Níncia Cecília Ribas Borges Teixeira.
Para a redação deste domingo (4), segundo Níncia, os estudantes podem esperar temas relacionados a problemáticas sociais atuais e polêmicas. Dentre os tantos acontecimentos, a professora destacou oito deles, que podem servir de base para os estudantes produzirem o texto dissertativo-argumentativo. Ainda de acordo com Níncia, é importante destacar que os temas apontados tratam de palavras-chaves, podendo ser desdobrados de diversas formas e sobre vários aspectos.
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Abaixo, confira os temas apontados. Para a lista, a professora considerou consultas em sites de redação e manchetes frequentes de grande repercussão nos noticiários atuais.
1 LEI DOS AGROTÓXICOS
“Eu sempre falo uma palavra chave, não necessariamente que seja esse tema, mas pode estar rodeando esse tema. Então, agricultura no Brasil, por exemplo. Por que eu penso nesse tema? Porque teve muito debate. De um lado, os que vão defender o agrotóxico, inclusive os meios de comunicação, com Agro é tech, agro é pop, agro é tudo e, do outro, os ambientalistas. É um tema que causa polêmica, o Enem vai atrás das polêmicas. Pode ser que a palavra-chave seja agrotóxico, mas que tenha agricultura familiar, o agronegócio no Brasil como o que move o progresso…”
2 FAKE NEWS
“Fake News dentro do cenário da política que começa lá com o Trump, com a eleição dele nos EUA. Tudo isso dentro do cenário político, mas também a fabricação de notícias vias mídias sociais, que seriam, então, mídias sociais e a fabricação de notícias, coisas absurdas, inclusive. Um dos temas que está envolvido com Fake News é a questão da vacinação. Por que? Porque leram que alguém morreu, porque é tudo balela… não! É um tema muito forte a questão da vacinação, da diminuição da presença das pessoas nos postos em decorrência das notícias falsas que são trabalhadas dentro dos meios de comunicação, especificamente das mídias sociais”.
3 MÍDIAS SOCIAIS COMO PARAÍSO
“A vida perfeita, a perfeição com as pessoas todas felizes, todas muito bem resolvidas, todas viajando, com o corpo perfeito versus aumento do suicídio no Brasil e no mundo. Então, eu estou trabalhando com temas que são guarda-chuvas. O índice mais preocupante de suicídio está nos jovens, ele assola os jovens que não se encontram e a partir das mídias sociais se perguntam ‘Por que comigo não?’ Não é só com você, é com todo mundo. A mídia social, Facebook, Instagram, para algumas pessoas, como influenciadores digitais, para conseguir uma foto boa ela faz 200 fotos, então isso é um tema que pode ser trabalhado”.
4 MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA
“Outra questão que aumentou assustadoramente. Você vai nas grandes cidades, como São Paulo, Curitiba… e isso decorre do que? Da falta de políticas públicas de moradia. Há um tempo atrás nós tínhamos alguns programas, eles foram abandonados, o índice de desemprego aumentou, essas pessoas não conseguiram pagar a sua moradia e estão migrando novamente para a rua. Ou, como o que acontece em grandes cidades com prédios que não se terminam, que é a questão das ocupações”.
5 EDUCAÇÃO DOMICILIAR
“Pais que estão deixando de mandar os filhos para a escola por causa da violência, por causa da questão da escola sem partido, ‘porque o meu filho não pode ter o mesmo partido do professor’, ‘o professor é esquerdopata’, aquelas coisas. Isso também nos traz um tipo de preocupação, no sentido de ‘que tipo de criança, de ser, de cidadão vai ser formado a partir da falta de convívio social?’ É um tema bem marcante”.
6 REFUGIADOS VINDO PARA O BRASIL
“Não necessariamente só os vindos da Venezuela. ‘Professora, mas isso já caiu em 2011 no Enem!’ Mas nós recebemos os refugiados por questão do terremoto no Haiti naquela época. Agora o confronto é socioeconômico. As pessoas fogem da fome, é uma fronteira muito tênue. Temos o envolvimento do Mercosul nesse sentido. A questão dos refugiados venezuelanos no Brasil pode gerar temáticas derivadas disso, ou seja: o aumento da população dos refugiados e o impacto na saúde do Brasil; ou e o impacto na educação”.
7 A CULTURA DO ASSÉDIO NO BRASIL
“O assédio não necessariamente só contra a mulher, mas o assédio moral em ambientes de trabalho, que também está aumentando. E esse assédio é tratado como se fosse frescura muitas vezes. ‘Ah, mas no meu tempo não tinha disso!’. Então, esse assédio que é trabalhado nas relações que ultrapassam as relações de companheiro e companheira, que tem o poder e tem aquele que precisa acatar, em uma relação aí de patrão e empregado, professor e aluno, comerciante e cliente”.
8 A DESVALORIZAÇÃO DO CENÁRIO DO PROFESSOR
“No começo do ano nós vimos aquelas fotografias das professoras que apanharam. A desvalorização do professor no cenário. Esse professor sendo agredido e não necessariamente agredido só na questão física. Nós passamos por um momento de polarização muito grande. Esse professor não pode nem se manifestar politicamente que ele já é rotulado. Então, que tipo de ser nós vamos ter daqui um tempo em que o professor não pode se manifestar porque senão ele é tido como um mal elemento?”
Gostou das dicas da professora? No canal Trollendo, no YouTube, Níncia tem disponíveis ainda mais orientações sobre como conseguir uma boa nota na redação do Enem 2018.