Guarapuava – A Secretaria de Ensino Superior (Sesu), órgão ligado ao Ministério da Educação, voltou atrás na proposta de mudar a nomenclatura do curso de Secretariado Executivo. A decisão foi tomada na quinta-feira (15) em Brasília.
Muito mais do que uniformizar a denominação, o curso seria extinto ao ser absorvido, no caso da Unicentro, pelo curso de Administração. Outra opção seria se transformar num curso técnico.
A tentativa da Sesu provocou a reação de acadêmicos do curso em Guarapuava, que não aceitavam o rebaixamento da graduação. Para protestar contra a proposta, alunos tomaram conta da entrada da Universidade na noite de quarta-feira (14). Portando faixas e cartazes, com a cara pintada e nariz de palhaço, os manifestantes gritavam palavras de ordem, seguidas por apitaço e foguetório.
Não podemos ficar calados perante essa injustiça. O bacharelado é nosso. Essa é nossa conquista! repetiam os estudantes.
A proposta da Sesu começou após a realização de um levantamento nos bancos de dados do Ministério da Educação, quando constatou-se a existência de denominações variadas para os cursos de graduação nas áreas de humanidades, artes e comunicação, e ciências exatas e da terra. Com o auxílio de profissionais e pesquisadores que atuam nas áreas, foi realizado um estudo que resultou em uma proposta de nomenclatura que adapta as denominações atualmente existentes.
Muitas vezes, cursos com conteúdos e perfis de formação semelhantes têm nomes diferentes, disse o diretor de regulação e supervisão da Sesu, Paulo Wollinger.
Não queremos ser administradores e nem tecnólogos, não temos nada contra esses profissionais, mas escolhemos o curso de Secretariado Executivo, disse Renata Barboza, acadêmica do terceiro ano.
Se houvesse essa mudança o nosso diploma perderia a validade. E como ficariam aqueles profissionais que já se formaram? questiona Carla Marlana, que cursa o primeiro ano na Unicentro.
De acordo com a professora Marlete Beatriz Maçaneiro, chefe do Departamento de Secretariado Executivo da Unicentro, a alteração da nomenclatura provocaria prejuízo para o profissional da área, que teria a profissão extinta. A instituição já colocou 150 profissionais da área no mercado de trabalho desde 2004, ano em que a primeira turma se formou. O curso começou a ser ofertado em 2001.
Se passasse a ser técnolo ficaria um nível abaixo do bacharelado, uma vez que esse curso é técnico e só oferece matérias específicas e em menor tempo (dois anos), enquanto o atual curso é inter-disciplinar. O acadêmico estuda também psicologia, administração, ética, e atua como assessor executivo na cúpula administrativa das organizações em todos os níveis, explica a professora.
Para tomar uma decisão a Sesu buscou uma forma alternativa de participação acadêmica por meio de consulta pública.
Segundo a Sesu, esse instrumento constituiu-se em referência para o aprimoramento dos projetos pedagógicos, para orientar estudantes nas escolhas profissionais e para facilitar a mobilidade interinstitucional, assim como propiciar aos setores de recursos humanos das empresas, órgãos públicos e do terceiro setor maior clareza na identificação da formação necessária aos seus quadros de pessoal.
Com esse mecanismo, a proposta era contribuir para organizar as ofertas de cursos superiores, uniformizando denominações para conteúdos e perfis similares, de modo a produzir convergências que facilitem a compreensão por todos os segmentos interessados na formação superior, sem inibir possibilidades de contemplar especificidades demandadas por regiões ou setores laborais do País.
As modificações propostas pelos referenciais e que ainda atingem outras áreas como, por exemplo, as engenharias, passarão a vigorar apenas para os ingressantes em 2010, agora com o curso de Secretariado Executivo fora desse contexto.
Educação
ENSINO SUPERIOR: Secretariado Executivo garante nomenclatura
- Por Cristina Esteche
- 19/10/2009