22/08/2023
Guarapuava

Entre florais e cartas de tarô, Audrey Farah escreve histórias

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Cristina Esteche

Guarapuava – A fauna e a flora encantam a guarapuavana Audrey Farah. Mas foi nas matas nativas de araucárias que a advogada, escritora, editora, e mística, encontrou a essência para trilhar novos caminhos.

Entre idas e vindas, Audrey deixou Guarapuava há mais de 20 anos. Filha do conhecido jornalista Leonel Farah e de dona Marinês – uma cozinheira de mão cheia, principalmente, da gastronomia árabe – Audrey é uma comprovação de que o fruto não cai longe do pé. Com uma veia literária latente, já morando em Curitiba onde tinha uma editora, saiu pelas cidades do interior do Paraná escrevendo livros, resgatando a história de municípios. E foi nessas andanças que ela diz ter descoberto o gosto pelo sub-bioma paranaense, pela imigração, pelos índios caigangues e guaranis, “dizimados pelo colonizador”.

O trabalho começou em 2000 quando Audrey morava em Prudentópolis e montou a editora, dando início a um resgate histórico e cultural das raízes do Paraná. “Eu estava pesquisando o ciclo da erva-mate em comemoração aos 100 anos de São Mateus do Sul, quando tive uma visão que veio em forma de revelação. Eu me vi criança vendo a minha tribo dizimada. Chorei dois dias, pois estava num processo de constelação familiar e um pajé se materializou como um sopro”. Audrey disse que mudou de casa e passou a cuidar de plantas e fez um curso sobre florais da Amazônia. Paralelamente, abria tarô.

A partir de então, a guarapuavana se dedicou a cursos de aromaterapia, pós graduação em gineterapia (conjunto de terapias e de técnicas voltadas à natureza). O trabalho de conclusão de curso da pós foi sobre a revelação do sistema floral das araucárias. “Me baseei na dinâmica da interrelação das espécies vegetais na floresta: a araucária, a erva-mate, os ipês, a corticeira, e plantas nativas que nem nome possuem. Me relacionei com plantas cultivadas que formam uma rede do nosso bolão cultural”.

O resultado de tudo isso, entre outras coisas, é um kit com 42 essências com as quais Audrey trabalha. Lavanda, manjericão, flor de laranjeira, rosas brancas e vermelhas, estão entre elas. “É um kit que qualquer pessoa pode e devem ter. São as gotas da floresta dentro da sua casa”. A maneira, para quê e como usar, é ensinada pela terapeuta em cursos que ela, em breve, quer trazer de volta para Guarapuava. Ela está atendendo neste domingo (03) na Escola Futura (41 9.9971-4191).

Paralelamente a essas atividades, Audrey escreveu o livro infantil 'Maria Gralha e Zé Pinhão', numa referencia à gralha azul e ao fruto da araucária, dois símbolos da fauna e da flora do Paraná. A história da guarapuavana está sendo reconhecida pela bailarina e professora Marcela Mendes, do Studio La Bayadère. A academia está montando seu espetáculo anual em torno desse tema. E foi uma tarde de autógrafos que trouxe Audrey à sua terra natal, numa passagem rápida na tarde de sexta (1º). Antes, porém, ela esteve na redação da RSN.

Cristina Esteche

Jornalista

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