22/08/2023
Agronegócio Comunidade Cotidiano Guarapuava

Equilíbrio agronômico e financeiro: produção de trigo é fundamental

Conforme o pesquisador da Fapa, Juliano Almeida, as vantagens de se produzir trigo superam os desafios, principalmente no longo prazo

DSC_0264

Primeiro dia de atividades do Wintershow foi nesta quarta (15) teve debate sobre produção de trigo (Foto: Ascom)

Com papel estratégico no sistema de produção agrícola, o trigo é economicamente viável no longo prazo e decisivo para o equilíbrio agronômico da propriedade rural. Esta afirmação é consenso entre os especialistas que participaram do painel sobre o cereal nesta terça (15) primeiro dia de WinterShow.

“Analisamos de maneira puramente econômica os resultados da cultura do trigo ao longo das últimas 24 safras e podemos dizer que a produção valeu a pena, sim. A metodologia que propomos é a margem de contribuição, em que a junção de diferentes culturas ajuda a diminuir os custos fixos. Assim, o quebra-cabeça agronômico e financeiro tem trazido melhores resultados”, explicou o Pesquisador de Economia Rural da Fundação ABC, Claudio Kapp Junior.

“Porém, é preciso entender se essa união vai trazer uma margem de contribuição melhor do que ter uma cultura isolada. Para isso precisa dominar a cultura tecnicamente e entender quais são os melhores cultivares de trigo, por exemplo, e nisso as instituições de pesquisa podem ajudar”, acrescentou.

CULTURA DE GRÃOS

Além disso, o trigo é a principal cultura de grãos de inverno do Sul do Brasil e o Paraná é o maior produtor do país, responsável por cerca de 50% da produção nacional. “O cereal traz inúmeros benefícios agronômicos e econômicos para onde está inserido”, destaca a Pesquisadora Vladirene Macedo Vieira, da Embrapa.

Conforme o pesquisador da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa) Juliano Almeida, as vantagens de se produzir o grão superam os desafios, principalmente no longo prazo. “A rotação de culturas tem efeitos importantes, como a deposição de palha, reciclagem de nutrientes e o controle de plantas daninhas, então a conta fecha e vale a pena, sim. Assim, não é preciso encher a propriedade. Plantar em cerca de 30% da área total, inserindo o trigo na rotação, já é suficiente para se atingir a sustentabilidade econômica, ecológica e agronômica a longo prazo”, afirma.

“Entendemos que o trigo sozinho é um cultivo que não gera muita rentabilidade como a soja, por exemplo, mas se deixar de cultivá-lo vai prejudicar todos os outros cultivos e principalmente a soja”, assegurou.

Juliano também aponta que quando se deixa de produzir e começa-se a trazer trigo da Argentina, a riqueza ficará concentrada no outro país, e não no Brasil.

O trigo é economicamente viável no longo prazo e decisivo para o equilíbrio agronômico da propriedade rural (Foto: Ascom)

CAMPANHA PLANTE TRIGO

Apesar de o Paraná ser o maior produtor de trigo do país, observa-se uma redução no plantio na região Centro-Sul do Estado nos últimos anos. Além disso, para buscar reverter esta situação, visando o equilíbrio agronômico, a Cooperativa Agrária lançou, nesta terça-feira, 15 de outubro, a campanha Plante Trigo.

“Queremos que o produtor volte a plantar trigo como já plantava antes. Uma proporção de 25% ou 33% já seria suficiente para trazer o equilíbrio agronômico. Além de financeiro para a propriedade”, elenca o Pesquisador da FAPA Juliano Almeida.

Além disso, contemplaria de forma integral a estratégia da Cooperativa Agrária para a industrialização dos produtos. Incluindo a farinha de trigo através do moinho, cevada com a maltaria, milho com a fábrica de grits e flakes, e soja com a indústria de óleo de soja. “Todas as indústrias dependem dessa produção. A princípio, tem que ser produzida pelos nossos cooperados, pois as indústrias foram feitas por eles e pagaram para processar os seus produtos”, explicou Almeida.

Leia outras notícias no Portal RSN.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.