22/08/2023


Geral

Escassez de chuva em outubro preocupa agricultores paranaenses

No Paraná, a combinação de chuvas esparsas e insuficientes com temperaturas acima da média no mês de outubro está preocupando os produtores rurais, aponta relatório do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). O relatório, correspondente ao mês de outubro, foi divulgado nesta terça feira (4). 

O clima seco atrasou o plantio de soja, milho e feijão, principais grãos cultivados na safra de verão isso pode afetar o potencial produtivo da safra 2014/15. 

O relatório do Deral reflete essa preocupação com o clima, mas mantém a expectativa de colheita de 22,4 milhões de toneladas de grãos de verão, volume 9% acima do ano passado. 

PLANTIO

Em outubro, o plantio da soja ocupava 61% da área estimada, enquanto no ano passado, no mesmo período, o plantio já havia avançado em 73% da área estimada. A área plantada com milho este ano, por ser bem menor que anos anteriores, já deveria estar com o plantio concluído, mas 93% da área estimada para a cultura foi plantada. 

“O retorno das chuvas poderá alterar esse quadro”, disse o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni. 

SOJA

Das 22,4 milhões de toneladas previstas para serem colhidas na safra de verão, o maior volume é de soja, com uma produção esperada de 17,21 milhões de toneladas – 18% acima do volume colhido no ano passado, que resultou em 14,6 milhões de toneladas. 

O plantio de soja ficou atrasado principalmente na região Norte, onde faltou chuva para a conclusão das atividades na lavoura. 

Em quase todas as regiões do Estado o ritmo de plantio foi lento. 

“Muitas vezes o plantio foi feito no pó, porque os produtores aguardaram confirmação das previsões de chuvas que, ou não se concretizaram ou foram insuficientes”, informou o economista Marcelo Garrido, chefe da conjuntura agropecuária do Deral. 

MILHO

A estimativa para o milho da primeira safra indica que a cultura vai ocupar uma área de 537.718 hectares – 20% menor do que a do ano passado, a menor área plantada com o grão nesse período do ano. 

A previsão de produção é de 4,64 milhões de toneladas – 15% a menos que no ano passado. “Essa produção só será confirmada se o potencial produtivo das lavouras manter a produtividade esperada, de 8.600 quilos por hectare”, ressaltou a engenheira agrônoma do Deral, Juliana Tieme Yagushi. 

Segundo ela, as lavouras de milho sofrem com o clima seco, porque há o agravante do aparecimento de pragas que pode comprometer o potencial produtivo das plantas. “A falta de chuvas favorece o aparecimento de lagartas, que elevam o custo de produção por causa do controle dos insetos”, explicou. 

FEIJÃO

Nas lavouras de feijão, o relatório do Deral demonstra que houve redução de 17% na área de plantio, em relação ao ano passado. Neste ano são 197 mil hectares na safra das águas. A expectativa de produção também cai de 402.374 toneladas para 367.524 toneladas – uma queda de 9%. 

Segundo o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador, os produtores reduziram a área plantada em função do excesso de oferta de feijão de anos anteriores, o que provocou queda nos preços de comercialização. 

TRIGO

Ao contrário dos grãos de verão, que sofre com a escassez de chuva, o trigo, cereal de inverno, ainda em campo, foi prejudicado pelo excesso de chuvas no final de setembro. 

Cerca de 80% do volume de produção esperado já foi colhido e a previsão de colher acima de 4 milhões de toneladas do grão não vai se realizar. 

Serão colhidas em torno de 3,86 milhões de toneladas. As chuvas comprometeram a produção. Ainda assim será um volume recorde no Paraná, mais do que o dobro em relação ao ano passado. 

A área plantada com trigo cresceu de 1 milhão de hetares na safra 2013/14 para 1,36 milhão de hectares na atual safra. A previsão de produção é 105% maior – passando de 1,89 milhão de toneladas (ano passado) para 3,87 milhões de toneladas que estão sendo colhidas esse ano. 

“As regiões Sudoeste e Centro são as que mais sofreram com chuvas na colheita, que comprometeram a produtividade”, informou o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho. Nas demais regiões, a situação foi normal. 

COMERCIALIZAÇÃO

Sensível às expectativas que podem ser alteradas e influenciar o resultado da safra, o mercado vem ensaiando uma reação nos preços dos grãos de verão desde o mês passado. 

Segundo o Deral, os preços da soja e milho (commodities agrícolas) e do feijão estavam em queda no mercado, em função da recomposição dos estoques mundiais e maior oferta de grãos. “No último mês, foi possível identificar uma leve reação nos preços, que pode ser também reflexo com as incertezas do clima”, acredita o chefe da conjuntura agropecuária do Deral, Marcelo Garrido. 

No período de outubro de 2014, em relação ao mesmo mês do ano passado, a soja apresenta uma queda de 14% e o trigo 40%. O feijão preto caiu 32% e o feijão de cores registrou queda de 41% no preço. O milho registra uma leve alta, de 3%. 

Já no mês de outubro de 2014 em relação a setembro, o preço da soja reagiu 3,2%, o do milho 0,1%. O feijão preto subiu 1,2% e o feijão de cor 29,2%. O trigo, por estar em período de colheita e aumento da oferta, mantém um recuo de 2,9% nos preços. 

Para a técnica Juliana Tieme Yagushi, as incertezas climáticas em várias regiões e o aumento do câmbio favorecem a reação na formação de preços de culturas como soja e milho. 

Cristina Esteche

Jornalista

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