22/08/2023


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Especialista em História da Arte explica a importância do Dia do Saci

É importante manter o brasileiro instigado sobre a questão cultural do saci. Manter as pessoas se perguntando, indo atrás de informações

saci ursula dourado

O saci é um piazinho que gosta de pregar peças nas pessoas e é muito inteligente (Imagem: Ursula Dourado)

Chega de falar em Halloween. Agora, o negócio é comemorar o Dia do Saci, que também vai ocorrer amanhã (31). A data foi criada em 2003, com o intuito de resgatar e valorizar o folclore do nosso país, promover a cultura nacional e as tradições brasileiras. Além disso, a data virou lei em 2013, e desde então é comemorada em muitas Regiões do Brasil.

De acordo com o especialista em História da Arte e Cultura, professor da UTFPR Rodolfo Grande Neto, a criação da lei tem um objetivo maior do que simplesmente substituir de fato o ‘Halloween’ pelo Dia do Saci. “É mais para colocar em debate o nosso relacionamento com a cultura nacional, e instigar as pessoas a se aproximarem do assunto”.

LENDA

Conta a lenda que o saci surgiu no sul do país, influenciado por elementos das culturas africana, indígena e europeia. Ele é descrito como um piazinho que gosta de pregar peças nas pessoas e é muito inteligente. Além disso, ele tem uma perna só, o que não lhe impede de ser muito rápido e ágil.

Para Rodolfo, talvez essa seja uma das figuras mais complexas da mitologia nacional, pois é uma mistura de lendas indígenas, mas também tem bastante da cultura afro. “Ele é um amálgama das culturas, assim como é o próprio Brasil”.

Além disso, o debate entre a data estrangeira e a nacional é bastante pertinente. “Mitos e folclores fazem parte do costume da população. Ninguém sabe quando ele surgiu. No entanto, é um mito bem estabelecido na nossa história”.

É importante manter o público instigado sobre a questão cultural do saci. Manter as pessoas se perguntando, indo atrás de informações. ‘Quem é ele?’ ‘De onde ele veio?’. Promover o debate é muito importante para a sociedade.

OBSERVADORES DE SACI

Muitos estudiosos se dedicam a essa criatura fantástica que habita o imaginário da população brasileira. Inclusive, os ‘saciólogos’ dizem que deve-se referir a eles no plural, pois acreditam haver diversas espécies, como o Saci-Taterê, Saci do Poá e Saci Sacerê.

No final dos anos 1990, um grupo de amantes do assunto criou a Associação de Criadores de Saci, na cidade paulista de Botucatu. Alguns anos mais tarde, o jornalista Mouzar Benedito resolveu criar a Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci). De acordo com ele, as duas instituições são diferentes, pois “lá eles têm o negócio de criar o saci em gaiola e eu não gosto de prender nada, só observar”.

A Sosaci fica em São Luiz do Paraitinga/SP, e já chegou a ter mais de mil integrantes com membros de todo o Brasil e até do Chile, Estados Unidos, Itália e Argentina.

Saci

Cartaz da ‘Festa do Saci’ de São Luis do Paraitinga, cidade dos Sacis (Foto: Rui Morel Carneiro)

O historiador guarapuavano Rodolfo finaliza explicando que as lendas se adaptam conforme a região. “Existem referências a personagens próximos ao saci pererê em várias outras culturas, como na Argentina e no Uruguai. Dizem que na cultura árabe também tem, e talvez a gente pode comparar a lenda do saci com a figura do gênio da lâmpada”.

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Cristina Esteche

Jornalista

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