22/08/2023
Geral

Estado e setores industriais assumem compromisso para logística reversa

A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema) e a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) assinaram nessa segunda feira (15) um termo de compromisso para a implantação de planos de logística reversa. Eles serão implementados através dos sindicatos dos setores de Alimentos de Origem Vegetal; Construção Civil, Eletricidade, Gás, Água, Obras e Serviços do Estado do Paraná; Madeira e Móveis; Metalmecânico; Químico e Farmacêutico, e Reparação de Veículos. 

A ação é inédita no Paraná e permitirá o recolhimento de resíduos como estopa, óleo lubrificante usado, baterias de automóveis, embalagens de pão, madeira, ferro, tijolos, metais, sucata, restos de borracha, postes inutilizados, artefatos de concreto, cabos e entre outros. 

Os planos contêm todas as indicações do que os setores devem fazer para viabilizar, na prática, a logística reversa – conforme prevê a Lei Nacional de Resíduos Sólidos e a Lei Estadual 17.211/2012. “O Paraná é o único Estado que tem uma lei nesse sentido. É uma lei inovadora. Estamos construindo uma solução coletiva para um problema que é de todos nós”, afirma o secretário estadual de Meio Ambiente, Caetano de Paula. 

O prazo para a implementação dos planos, elaborados com a consultoria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Paraná (Senai), é de 10 anos. Os sindicatos serão responsáveis pela gestão da informação, monitorando e levando à secretaria estadual de Meio Ambinete as etapas e metas cumpridas. 

O coordenador de resíduos sólidos da secretaria, Carlos Garcez, explica que como o assunto ainda é novo e por isso é preciso que se tenha um prazo mais longo para a implantação e execução do sistema de logística reversa. 

“O mercado ainda não está preparado para a Logística Reversa. Por isso temos que pensar a longo prazo. É preciso dar um tempo considerável para que os setores implantem o sistema, já que é um plano minuncioso e depende da demanda de cada um dos setores envolvidos”. 

Com a assinatura desta segunda-feira, o Governo do Paraná totaliza 17 termos de compromisso já firmados com a Indústria. 

EMPRESAS

Rosângela Damasceno, gerente executiva do Sindirepa Paraná, que representa o setor de reparação de Veículos em Curitiba e Região Metropolitana, conta que o plano do setor atende 10 sindicatos de todo o Estado. A intenção é fazer com que as empresas associadas tenham uma ação especifica de separação de resíduos e destinação correta do que geram. 

“A maior função do plano é fazer com que as empresas associadas cumpram as regras. Por isso, na primeira fase de implantação, vamos trabalhar com a conscientização, com a educação ambiental. Mostrar que seguindo o plano todos ganham”, explica Rosângela. 

Uma cartilha para identificação dos resíduos e a implementação dos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) nas empresas, já foi produzida pelo Sindirepa. Cerca de 400 empresas já aderiram ao programa interno e, de acordo com Rosângela, a meta é que em 2015 mil empresas estejam prontas a aderir. 

Além do Sindirepa Paraná, o plano inclui também os sindicatos de reparação de veículos com base em outros nove municípios –Bandeirantes, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapuava, Maringá, Paranavaí, Ponta Grossa, Toledo e Umuarama. 

MINERAIS NÃO METÁLICOS

Priscila Jaronski, responsável pela Logística Reversa do setor de Minerais Não Metálicos, disse que o segmento pretende antecipar a meta de colocar o plano em prática de dez anos para cinco anos. 

O plano do setor de Minerais consiste basicamente em dar destinação correta aos resíduos de óleo de caminhão, e para os pallets, muito utilizados neste setor. O plano é multisetorial, atingindo indústria, comércio e consumidor. Fazem parte do Sindiminerais 13 empresas associadas e que serão beneficiadas diretamente com o Plano de Logística Reversa. 

PANIFICAÇÃO

O setor de Alimentos de Origem Vegetal conta com 750 empresas associadas em todo o Paraná. Para Vilson Borgmann, presidente do Sipcep (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado do Paraná), a grande vantagem é o amadurecimento da Logística Reversa no Estado. Segundo ele, um trabalho de conscientização com as empresas e consumidores será o primeiro passo. “Estamos em todos os cantos das cidades, em cada esquina tem uma panificadora ou confeitaria. O nosso trabalho será de extrema importância e o setor fica muito orgulhoso disso”, finalizou Vilson. 

No Paraná são 4,5 mil estabelecimentos formalizados, que geram cerca de 70 mil empregos diretos e indiretos. O Estado tem o maior consumo de pães e derivados per capita do Brasil. São 44 quilos por ano, enquanto no Brasil são 34 quilos per capita. Embalagens de pão, óleo de cozinha e resíduos orgânicos são alguns dos exemplos do que será reciclado dentro do sistema de logística reversa. 

CONSTRUÇÃO CIVIL

O sindicato da Construção Civil promete implementar os mecanismos necessários para a correta destinação de resíduos gerados nas obras, incluindo o incentivo à inclusão de processos que reduzam a geração de resíduos. O presidente do Sinduscon-PR, José Eugênio Rizzi, disse que o setor pretende recolher itens como tijolos, ferros e tintas. 

LOGÍSTICA REVERSA

A logística reversa é o processo de retorno de produtos, embalagens ou materiais para os locais de origem, ou seja, em que foram fabricados. A logística reversa responsabiliza fabricantes e importadores pela destinação adequada dos resíduos gerados pelos seus produtos – inclui a coleta, reciclagem e reaproveitamento dos materiais. 

Para as indústrias, o grande desafio é garantir que o produto pós-consumo seja reutilizado, diminuindo custos e impactos ambientais, como contaminação do solo, e aumentando a vida útil dos aterros sanitários. 

Ainda na Fiep, o Secretário do Meio Ambiente, Caetano de Paula, participou da solenidade de abertura do Seminário sobre Sustentabilidade Empresarial, logística reversa na Construção Civil, em que enfatizou a importância do diálogo com os setores. 

Cristina Esteche

Jornalista

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